Criar um Site Grátis Fantástico
Translate this Page








 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

https://necher.comunidades.net/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 DANIEL 11Avarez

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Minha foto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



GERAL

GERAL


 

 

 

 

 

 

 

 

NOVA ORDEM MUDIAL

Expressão que designa a situação global após o fim da Guerra Fria, quando desaparece o antagonismo existente entre os Estados Unidos (EUA) e a antiga União Soviética (URSS) desde o término da II Guerra Mundial. O termo é utilizado pelo ex-presidente norte-americano George Bush (1989-93). Um de seus marcos é a Guerra do Golfo, no início de 1991, na qual uma ampla coalizão militar contra o governo de Saddam Hussein, no Iraque, une pela primeira vez as principais potências ocidentais, lideradas pelos EUA, a então URSS e a maioria dos países árabes.   A nova ordem corresponde ao fenômeno da globalização, em que se intensifica a integração entre os países. Uma de suas características principais é a liberalização econômica. Os Estados deixam de lado as políticas de defesa de seus produtos, as barreiras comerciais e as limitações ao livre fluxo de capitais. Ao mesmo tempo, há uma tendência ao regionalismo, que leva ao desenvolvimento de blocos econômicos, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), União Européia (UE) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).   O fluxo internacional de bens, serviços e capitais é intenso, favorecido pelo desenvolvimento da tecnologia de informação. Mantém-se a importância de organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial na condução de programas de ajuste dos países em desenvolvimento, bem como no levantamento de recursos para operações de defesa do sistema financeiro, em crises como as vividas a partir de 1997 na Ásia.   Nos países em desenvolvimento, as transformações em geral não alteram a situação de desigualdade social e de má distribuição de renda. Entre 1960 e 1992 calcula-se que dobra, em nível mundial, a diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. A produção e distribuição de drogas é um dos principais problemas da situação mundial. O narcotráfico é responsável por uma movimentação de 500 bilhões de dólares anuais, segundo dados de 1992 da ONU (Organização das Nações Unidas), perdendo apenas para o comércio mundial de armas. O comércio ilegal de drogas prospera numa economia mundial integrada, em que a desregulamentação financeira facilita a “lavagem” de dinheiro.   Os EUA firmam-se como a grande potência mundial, com grande força militar e econômica. Com base em seu peso político nos principais organismos internacionais, como a ONU, FMI e Banco Mundial, influenciam políticas de intervenções em diversos países no mundo. Com a cobertura de decisões da ONU e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), são realizadas incursões militares contra Estados cujas políticas são consideradas uma ameaça à paz e à segurança internacionais, como é o caso de Iraque (1991), Afeganistão, Sudão (1998) e Iugoslávia (1999). A ex-URSS, desmembrada em vários Estados, e os países da antiga órbita soviética na Europa oriental enfrentam sérios problemas econômicos e sociais com a transição ao capitalismo. No caso da Federação Russa, a economia é dominada por máfias que controlam negócios ilícitos como o contrabando de drogas e armas.   O poderio norte-americano não elimina a intensa guerra comercial travada com os demais países desenvolvidos, em particular o Japão e os da Europa ocidental. Interesses ligados aos países avançados estão muitas vezes por trás de conflitos ocorridos na África e na Ásia, que têm também um forte componente étnico. A nova ordem, que elimina as diferenciações ideológicas presentes na Guerra Fria, vê ressurgir ou se aprofundar ódios entre povos que disputam uma mesma região. Conflitos levam à desagregação de diversas nações, que se dividem ou assistem ao crescimento de movimentos separatistas. 

ANTIGUIDADE

4000 a.C., -3250 a.C.-1950 a.C., -3200 a.C., 332 a.C., -3000 a.C.-146 a.C., -2600 a.C.-1450 a.C., -2400 a.C.-2180 a.C., -2000 a.C., -2000 a.C., -1750 a.C., -1728 a.C.-1513 a.C., OLHO POR OLHO, -1640 a.C.-1200 a.C., -1600 a.C., -1300 a.C., -1250 a.C.-1240 a.C., ILÍADA, -250 a.C. ?, -1010 a.C.-926 a.C., A HIERARQUIA NAS TRIBOS, Os patriarcas, Os juízes, Os reis, -883 a.C.-612 a.C., -776 a.C., -753 a.C., O SURGIMENTO DE ROMA, -621 a.C., LEGISLADORES ATENIENSES, Drácon (621 a.C.), Sólon (594 a.C.), Pisístrato (561 a.C.), Clístenes (508 a.C.), -614 a.C.-539 a.C., -586 a.C., -539 a.C.-331 a.C., -509 a.C.-27 a.C., CONQUISTAS PLEBÉIAS, Lei das Doze Tábuas (450-448 a.C.), Lei Canuléia (445 a.C.), Lei Licínia Sextia (367 a.C.), -492 a.C.-448 a.C., -443 a.C.-429 a.C., -431 a.C.-404 a.C., -359 a.C.-31 a.C., -264 a.C.-146 a.C., -221 a.C., -60 a.C.-40 a.C., 40 a.C, -27 a.C.-192, Ano 1 d.C., 54-68, 70, 193-395, 395, 395-1453, 400-1087, 455, 476   - 4000 a.C. – O marco da Antiguidade é o surgimento da escrita. O primeiro sistema de escrita, o pictográfico, aparece na Mesopotâmia (atual Iraque) e utiliza pequenos desenhos simplificados (pictogramas) para representar a realidade.   -3250 a.C.-1950 a.C. – Os sumérios instalam-se no sul da Mesopotâmia. Colonizam o vale do rio Eufrates e dão origem às primeiras cidades-estados do Crescente Fértil: Ur, Uruk, Eridu, Nippur, Kish e Lagash . Estabelecem técnicas de irrigação e drenagem do solo, constroem canais, diques e reservatórios. Criam a escrita cuneiforme – gravação de figuras com estilete sobre tábua de argila, fazem cerâmica e escultura de pedra e metal. Utilizam templos de elaborada arquitetura como centro político, econômico e religioso. Politeístas, cultuam divindades da natureza e deuses associados aos sentimentos. Em 2300 a.C. os sumérios são dominados pelos acadianos. Recuperam o poder em 2050, mas são derrotados pelos amoritas (povo semita do norte) e pelos elamitas (originários da Pérsia).   -3200 a.C. – Início da civilização egípcia com a unificação das cidades-estados habitadas por tribos nômades no vale do rio Nilo. É instituída uma monarquia centralizada na figura do faraó, soberano com poder absoluto e hereditário e considerado a encarnação divina. A agricultura, impulsionada pela irrigação, e o comércio de produtos primários são a base da economia. Politeístas, os egípcios cultuam dezenas de deuses, entre eles Atum, Osíris e a Novena de Heliópolis Realizam grandes avanços na área das ciências. Lançam os fundamentos da geometria e do cálculo; traçam mapas celestes; situam os pontos cardeais; e elaboram um calendário solar cujos princípios permanecem válidos até hoje. Para medir os períodos de inundações do Nilo, inventam os relógios de sol e de água. Criam a escrita hieroglífica (em ideogramas figurativos) decifrada após o estudo da pedra de Roseta, descoberta em 1799. Também desenvolvem a técnica de mumificação dos corpos e são os principais construtores da Antiguidade, como atestam as monumentais pirâmides de Gizé e os templos de Karnak e de Luxor. A conquista persa, em 525 a.C., põe fim ao Egito independente. Em 332 a.C. passa a integrar o Império Macedônico e, a partir de 30 a.C., o Império Romano.   -3000 a.C.-146 a.C. – Povo de origem semita da costa norte do mar Vermelho (atual Líbano), os fenícios vivem em cidades-estados independentes, como Ugarit, Biblos, Sídon e Tiro, governadas por um rei indicado pelas famílias mais poderosas. Criam um alfabeto, posteriormente modificado pelos gregos, que dá origem ao alfabeto latino. Sua religião é politeísta, com cultos e sacrifícios humanos. Célebres pelo comércio marítimo, desenvolvem técnicas de navegação e de fabricação de barcos. Estabelecem várias colônias na costa mediterrânea que servem de entrepostos comerciais, como a cidade de Cartago, no norte da África. Sua conquista pelos romanos marca o fim da hegemonia fenícia.   -2600 a.C.-1450 a.C. – Descendentes de povos heterogêneos (sobretudo arianos), os cretenses formam vilas portuárias, entre as quais Cnossos e Maliá, na ilha de Creta. Praticam um ativo comércio marítimo de produtos manufaturados com o Egito e Estados do Oriente Médio, base da economia. Trabalham na metalurgia do bronze e do ouro e constroem grandes palácios, como o de Cnossos – onde, segundo a lenda, fica o labirinto habitado pelo minotauro. Em sua organização social há pouca distinção entre classes e igualdade de direitos entre mulheres e homens. Os cretenses dedicam-se ao afresco, à cerâmica, aos esportes e à dança. Cultuam deuses humanos e animais e utilizam dois tipos de escrita pictográfica em placas de argila. São conquistados pelos aqueus em 1450 a.C.   -2400 a.C.-2180 a.C. – Os acadianos ocupam o norte da Mesopotâmia e dominam os sumérios, enfraquecidos por guerras internas. Originários de tribos semitas, os acadianos aperfeiçoam a arte militar, com tropas de grande mobilidade no deserto e armamentos leves, como o venábulo (lança). Sob o reinado de Sargão, unificam as cidades-estados sumérias, inaugurando o I Império Mesopotâmico, que chega ao fim após as invasões dos gutis, povos asiáticos das montanhas da Armênia.   -2000 a.C. – A migração de povos nômades de origem indo-européia para a região dos Bálcãs (como aqueus, jônios, eólios e dórios) dá origem à civilização grega. A partir do século VIII a.C. surgem as cidades-estado com instituições políticas, organização social e divindades protetoras próprias. As principais são Atenas (democrática e comercial) e Esparta (oligárquica e agrícola). A mão-de-obra escrava é utilizada em todos os setores da economia, baseada no comércio marítimo. Também importante é o cultivo de oliveiras, trigo e videiras. Os gregos criam as Olimpíadas, desenvolvem a filosofia, a dramaturgia, a poesia, a história, as artes plásticas, a arquitetura e a narrativa mitológica – entre elas a Teogonia, principal fonte sobre a origem e história dos deuses gregos . Dedicam-se ao estudo das ciências, como astronomia, física, química, medicina e geometria.   -2000 a.C. – A chegada dos hebreus à Palestina (chamada de Canaã, a Terra Prometida por Deus), sob a liderança do patriarca Abraão, marca o início da civilização hebraica. Os hebreus criam a primeira religião monoteísta da história, o judaísmo. Destacam-se ainda na literatura, contida em parte na Bíblia e no Talmude.   -1750 a.C. – Os arianos invadem o norte da Índia e dominam o povo local, os dravidianos, dando origem à civilização hindu. O hinduísmo (religião politeísta fundamentada em antigos textos sagrados, os vedas) modela a civilização hindu ao lado do budismo (influente na região a partir do século VI a.C.). Os sacerdotes (brâmanes) ditam as regras sociais por meio do Código de Manu e instituem o sistema de castas com base em critérios de pureza espiritual. Abaixo dos sacerdotes estão os guerreiros (xátrias), os comerciantes e camponeses (vaixás) e, por último, os servos (sudras). Os marginalizados (párias) não pertencem a nenhuma casta e podem ser escravizados. Os hindus possuem agricultura avançada, utilizam a metalurgia e o comércio fluvial. Usam formas geométricas, animais e motivos religiosos em gravuras, cerâmicas e edificações. A civilização hindu se dissolve em diversos reinos independentes entre 185 a.C. e 320. No período seguinte, os reinos são unificados sob a hegemonia da dinastia Gupta, que é destruída em 535.   -1728 a.C.-1513 a.C. – Sob o reinado de Hamurabi, um dos reis amoritas, a Mesopotâmia é mais uma vez unificada e tem início o I Império Babilônico, que se estende da Suméria até o golfo Pérsico. Hamurabi organiza um Estado centralizado, hereditário e despótico com capital em Babel, pólo cultural e econômico. Os babilônicos impulsionam a agricultura, instituem impostos em benefício de construções públicas, restauram templos e transcrevem obras literárias mesopotâmicas para o acadiano. Eles seguem o Código de Hamurabi, o mais antigo código penal da história. A destruição de Babel pelos hititas põe fim ao império.   OLHO POR OLHO – Criado pelo rei Hamurabi (1728-1686 a.C.), o Código de Hamurabi tem suas penas baseadas no princípio "olho por olho, dente por dente", conhecido como Lei de Talião. Ao autor do delito é infringido o mesmo castigo que impôs à vítima. Baseado em antigas leis sumérias, compõe-se de 282 artigos. Representa um avanço para a época, pois acaba com a arbitrariedade dos juízes ao classificar delitos e impor regras para a aplicação de penas.   -1640 a.C.-1200 a.C. – Procedentes das montanhas do Cáucaso, os hititas estabelecem um reino na Capadócia (atual Turquia), com capital em Kussar. Desenvolvem a mineração de ferro, a agricultura, o artesanato e o comércio. Ricos comerciantes e a nobreza administram os negócios do Estado, enquanto servos e escravos se encarregam do trabalho. O rei centraliza o poder: é juiz supremo, sumo-sacerdote e chefe do Exército. Eles possuem normas que prevêem penas pecuniárias (pagas com dinheiro), privação de liberdade e escravidão. Criam uma escrita hieroglífica e outra cuneiforme. São politeístas e cultuam divindades da natureza. Expandem-se em direção à Síria, à Babilônia e ao Egito e acabam dominados pelos gregos (aqueus).   -1600 a.C. – Surgimento do I Reino Dinástico Chinês, que tem o imperador como pai de todos os súditos. Posteriormente, o reino se subdivide em cerca de 1,5 mil principados, que buscam maior autonomia por meio de guerras civis. Os chineses desenvolvem a agricultura, a metalurgia de cobre e bronze, o comércio e a fabricação de seda, tecidos e cerâmica. Inventam o papel, a bússola, a pólvora e os sistemas monetário e de pesos e medidas. Possuem uma escrita com ideogramas e literatura rica, na qual se destacam Confúcio (Kung Fu-tseo) e Lao-Tsé, cujos ensinamentos se transformam em religião no século VI a.C.. Já o budismo é difundido a partir do século I a.C.   -1300 a.C. – Ascensão da civilização olmeca no golfo do México, que expande seus domínios até o litoral do Pacífico, de El Salvador e da Costa Rica. Construtores de grandes centros cerimoniais, como o de San Lorenzo e o de La Venta, os olmecas esculpem colossais cabeças de jade e pedra, normalmente representando seus líderes. Usam a escrita pictográfica e fornecem a base cultural para os povos que habitariam a região nos séculos seguintes, com destaque para os maias e os astecas.   -1250 a.C.-1240 a.C. – Gregos e troianos disputam o domínio da cidade de Tróia na Guerra de Tróia, narrada pelo poeta grego Homero. Em razão de sua localização, no estreito de Dardanelos, entre os mares Egeu e de Mármara, a cidade possui um porto estratégico para o comércio da região. Insatisfeito com os pesados impostos cobrados pelos troianos, o Exército grego destrói a cidade e passa a controlar o comércio marítimo regional.   ILÍADA– Segundo o poema épico Ilíada, de Homero, o estopim da guerra é o rapto de Helena, mulher de Menelau (rei de Esparta), pelo príncipe troiano Páris. Liderado por Ulisses, o exército grego finge retirada e deixa diante das muralhas de Tróia um gigantesco cavalo de madeira que escondia soldados em seu interior. Os troianos recolhem o presente por considerar o cavalo um animal sagrado e, dessa forma, a cidade é invadida, saqueada e queimada.   -250 a.C. ? – Os hebreus deixam o Egito – onde foram escravizados – e migram para a Palestina, guiados pelo patriarca Moisés, no episódio bíblico conhecido como Êxodo. De acordo com a crença judaica, é durante o retorno, no monte Sinai, que Moisés recebe a revelação dos Dez Mandamentos.   -1010 a.C.-926 a.C. – Pressionadas pelas guerras com povos da região, as 12 tribos hebraicas unificadas elegem um rei, Saul, para se defender. Durante o reinado de Davi (1006 a.C.-966 a.C.) a monarquia se consolida: cobre toda a Palestina e Jerusalém torna-se a capital . No reinado de Salomão (966 a.C.- 926 a.C.), atinge o apogeu. Após sua morte, as tribos dividem-se nos reinos de Israel e de Judá, no chamado Cisma Hebreu. A nova estrutura enfraquece a unidade hebraica e possibilita sua conquista pelo Império Babilônico em 586 a.C..   A HIERARQUIA NAS TRIBOS – Inicialmente, as tribos hebraicas são dirigidas de forma absoluta por chefes de família denominados patriarcas. Para garantir a integração, são eleitos juízes que vigiam o cumprimento do culto e da lei. Em 1010 a.C., Samuel, o último juiz, promove a unificação sob a liderança de Saul.   Os patriarcas – Abraão, Isaac, Jacó (ou Israel), José, Moisés e Josué   Os juízes – Otoniel, Barac, Gedeão, Jefté, Sansão, Heli e Samuel   Os reis – Saul, Davi e Salomão   -883 a.C.-612 a.C. – A fundação da cidade de Assur, na Mesopotâmia, dá origem ao Império Assírio. O apogeu ocorre durante o reinado de Sargão II, com a conquista da cidade egípcia de Tebas. Os assírios formam o primeiro exército organizado: utilizam armas de ferro, carros de combate e impõem penas cruéis aos vencidos, como a tortura e a mutilação. Politeístas, adoram um deus supremo denominado Assur. O império chega ao fim com a destruição de Nínive, sua capital, pelos babilônicos.   -776 a.C. – Os gregos organizam a primeira Olimpíada na cidade de Olímpia, onde constroem um estádio para 40 mil pessoas e um hipódromo. Durante a competição instituem a "trégua sagrada" – interrupção das guerras entre as cidades.   -753 a.C. – O marco inicial do Império Romano, o mais vasto da Antiguidade, é a fundação lendária de Roma. Historicamente, a cidade é formada pelo encontro de três povos da península Itálica: os gregos, os etruscos, de origem asiática, e os italiotas, de descendência indo-européia. A sociedade divide-se em duas classes principais – patrícios (nobreza territorial e militar) e plebeus (artesãos, comerciantes e pequenos proprietários). Até 509 a.C., o governo é exercido por reis vitalícios e pelo Senado, composto apenas de patrícios . Nas artes, os romanos desenvolvem a arquitetura com arcos e abóbadas, o mural decorativo, a pintura de afrescos e a escultura. A religião é politeísta e sua prática inclui sacrifícios rituais; seus deuses equivalem às divindades gregas.   O SURGIMENTO DE ROMA – De acordo com a lenda, Roma é fundada por Rômulo em 21 de abril de 753 a.C. Rômulo e seu irmão gêmeo, Remo, eram netos de Numitor, rei de Alba Longa. Numitor fora destronado por seu irmão, Amúlio, que mandara atirar os gêmeos no rio Tibre ao nascer. O encarregado do assassinato abandona-os na floresta, onde são amamentados por uma loba e criados por uma família de pastores. Ao crescer, os gêmeos depõem Amúlio e reconduzem Numitor a seu cargo. O avô concede aos netos o direito de fundar uma cidade. Mais tarde, Rômulo mata Remo e torna-se rei de Roma.   -621 a.C. – A prosperidade mercantil de Atenas coloca em conflito os eugitos, ricos comerciantes, e os eupátridas, proprietários de terra. Nesse contexto surgem os legisladores, encarregados de reformar as leis atenienses para aliviar a tensão política e manter a continuidade de poder dos eupátridas. Mais tarde serão responsáveis pelo surgimento da democracia ateniense.   LEGISLADORES ATENIENSES – Entre os responsáveis pelas reformas em Atenas destacam-se:   Drácon (621 a.C.) – Elabora as primeiras leis escritas de Atenas. São severas e favoráveis aos eupátridas.   Sólon (594 a.C.) – Inicia certa abertura política: abranda as leis draconianas, abole a escravidão por dívidas e impõe um tamanho para as propriedades agrárias. Sólon permite a todos os cidadãos exercer a magistratura, mas essa função acaba restrita aos mais ricos, já que não é remunerada e exige dedicação exclusiva.   Pisístrato (561 a.C.) – Estabelece uma tirania: enfraquece o poder da aristocracia por meio do confisco de suas terras e monta uma poderosa frota naval. É sucedido por seus filhos Hiparco e Hípias.   Clístenes (508 a.C.) – Conduz Atenas à condição de uma democracia, promovendo a igualdade política dos cidadãos e a participação direta na estrutura governamental.   -614 a.C.-539 a.C. – Sob a liderança do rei Nabopalasar surge o II Império Babilônico na Mesopotâmia, que alcança o apogeu no reinado de seu filho, Nabucodonosor. O progresso econômico leva ao embelezamento das cidades, com a construção de palácios e templos, como a Torre de Babel e os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo . No final deste período, a Babilônia é incorporada ao Império Persa.   -586 a.C. – Dominados pelos babilônios, os hebreus são deportados e escravizados no episódio conhecido como Cativeiro da Babilônia. Inicia-se, assim, o primeiro momento da diáspora judaica, a dispersão dos judeus pelo mundo.   -539 a.C.-331 a.C. – Sob a liderança de Ciro II, os persas derrotam os medas, povo que habitava o planalto do Irã, e fundam o Império Persa, que chega a estender-se do Egito até a Índia. Realizam intensos intercâmbios comerciais e constroem estradas de pedra e canais para facilitar o transporte. Praticam a agricultura, a pecuária, o artesanato e a mineração de metais e pedras preciosas. Implantam uma economia monetária, um sistema de pesos e medidas e instituem impostos fixos. No topo da estrutura social está uma nobreza, militar e burocrática e, na base, servos e escravos. Criam uma literatura diversificada, particularmente a religiosa, e seguem os ensinamentos do profeta Zaratustra, fundador do zoroastrismo.   -509 a.C.-27 a.C. – Reagindo à centralização do poder nas mãos dos reis etruscos, os patrícios derrubam a monarquia e implantam a República Romana. Essencialmente aristocrática, a República tem o Senado como órgão supremo de governo: os senadores são vitalícios, supervisionam as finanças públicas, dirigem a política externa e administram as províncias. As conquistas políticas dos plebeus ocorrem com a Greve do Monte Sagrado, em 494 a.C., e a sucessiva criação dos Tribunos da Plebe. A partir de VI a.C., a política expansionista provoca mudanças profundas em Roma. A economia deixa de ser agrária e torna-se mercantil, urbana e luxuosa. O Exército transforma-se numa instituição poderosa e o escravismo passa a ser o meio de produção dominante. Nos séculos III e II a.C., as reformas defendidas pelos irmãos Tibério e Caio Graco em benefício da plebe e as lutas entre patrícios e plebeus enfraquecem o Senado.   CONQUISTAS PLEBÉIAS – No decorrer da história de Roma, sucessivas leis concedem maior direito político aos plebeus:   Lei das Doze Tábuas (450-448 a.C.) – São redigidas por uma comissão de dez juízes e afixadas no Fórum Romano. Até então, as leis eram transmitidas oralmente e manipuladas pelos patrícios. Com o registro, os plebeus passam a ter meios de se defender, já que a legislação se torna pública.   Lei Canuléia (445 a.C.) – Permite o casamento entre patrícios e plebeus.   Lei Licínia Sextia (367 a.C.) – Concede aos plebeus o direito de participar do consulado e extingue a escravidão por dívidas. Em 300 a.C. os plebeus já participavam de todas as magistraturas.   -492 a.C.-448 a.C. – O choque de interesses expansionistas entre gregos e persas na região do Mediterrâneo provoca as Guerras Médicas. Dario, o Grande, um dos principais governantes do Império Persa, lidera a invasão da Jônia, colonizada pelos gregos, e do norte da Grécia. A I Guerra Médica tem início com o desembarque dos persas em Atenas e é vencida pela Grécia. Na II Guerra Médica, os soldados persas, comandados por Xerxes, avançam sobre a Grécia: Atenas é incendiada, mas os persas são novamente derrotados. Após essas duas vitórias, os gregos criam uma aliança marítima de defesa, a Confederação de Delos. Na III Guerra Médica, os gregos reconquistam as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia Menor, ainda sob domínio persa. O Tratado de Susa, ou Paz de Kallias, reconhece definitivamente a hegemonia grega na Ásia Menor e nos mares Egeu e Negro.   -443 a.C.-429 a.C. – o Governo de Péricles transforma Atenas num império naval e comercial. O dirigente também estimula o desenvolvimento literário e artístico, datando desse período a construção do Pártenon, uma das mais famosas obras arquitetônicas dos gregos. Sua influência é tão ampla que o século V a.C. é chamado de século de Péricles.   -431 a.C.-404 a.C. – As rivalidades políticas, econômicas e culturais entre as duas principais cidades-estados gregas, Atenas e Esparta, provocam a Guerra do Peloponeso. O estopim é um conflito comercial e marítimo entre Atenas e Corinto, aliada espartana. Atenas, democrática, mercantil e imperialista, disputa com Esparta, oligárquica, agrária e autonomista, a hegemonia no território grego. Ao final do confronto, Atenas é derrotada. A Grécia sai da guerra devastada e começa a decadência da civilização grega.   -359 a.C.-31 a.C. – Com o vazio de poder deixado pelo declínio das cidades-estados gregas, Felipe II, rei da Macedônia, inicia a conquista da Grécia e dá origem ao Império Macedônico. Felipe é assassinado em 336 a.C. e seu filho, Alexandre, o Grande, assume o trono. Depois de estabelecer o domínio completo sobre a região, parte rumo ao Oriente e forma um dos maiores impérios territoriais conhecidos até então, compreendendo Macedônia, Grécia Balcânica, Ásia Menor, Fenícia, Palestina, Mesopotâmia, Egito, Pérsia e parte da Índia. Alexandre estimula a fusão da cultura grega (helênica) com a dos povos conquistados do Oriente Médio (principalmente egípcios e persas), originando a civilização helenística. O pólo irradiador dessa cultura é Alexandria, fundada no delta do rio Nilo (atual Egito). Após sua morte, o império divide-se em três grandes reinos: Macedônia, Ásia Menor e Egito, enfrentando diversas crises até cair sob domínio romano em 31 a.C.   -264 a.C.-146 a.C. – A disputa pela hegemonia comercial no Mediterrâneo opõe Roma a Cartago nas Guerras Púnicas. O termo púnico deriva de poeni, nome que os romanos davam aos cartagineses, descendentes dos fenícios e fundadores de Cartago. As três guerras terminam com a vitória dos romanos: na I Guerra Púnica, Sicília, Sardenha e Córsega são anexadas, limitando a influência cartaginesa no norte da África. Na segunda, os cartagineses conquistam Sagunto (Espanha) e chegam às portas de Roma, sob a liderança do general Aníbal, um dos maiores estrategistas militares da Antiguidade. Mas acabam vencidos e obrigados a entregar a Espanha. Na III Guerra Púnica, fomentada pelo persistente sucesso comercial dos cartagineses, Roma vence e anexa Cartago como província.   -221 a.C. – A unificação da China tem início com a dinastia Chin: os chineses expandem-se pela Ásia Central e pelo Sudeste Asiático e, no século I, ampliam seu domínio até o golfo Pérsico. Nesse período, é construída a Muralha da China, com o objetivo de defender o império dos ataques dos povos do norte (tártaros). Símbolo da autoridade do soberano, a grande muralha possui mais de 2,5 mil quilômetros de comprimento por 4 metros de largura.   -60 a.C.-40 a.C. – O declínio do Senado leva à formação dos Triunviratos em Roma, para garantir maior estabilidade política. No I Triunvirato (60 a.C.-46 a.C.), Crasso, Pompeu e Júlio César dividem o poder. Em 46 a.C., Julio César põe fim a República e instala a ditadura. Seu governo realiza várias reformas: distribui terras entre soldados pobres, estimula o trabalho livre, constrói obras públicas, ajusta as finanças, funda colônias e procura unificar o mundo romano. Júlio César também altera o calendário, dando o seu nome ao sétimo mês (julho). Em 44 a.C. é assassinado a punhaladas por um grupo de senadores que defendem a República. Emílio Lépido, Marco Antônio e Otávio compõem o II Triunvirato em 43 a.C., mas disputas internas provocam a repartição dos domínios de Roma em 40 a.C : Marco Antônio fica com o Oriente, Lépido com a África e Otávio com o Ocidente.   -27 a.C.-192 – Otávio recebe o título de Augusto (filho divino) e torna-se o primeiro imperador de Roma . Depois da dinastia de Augusto, seguem-se as dinastias dos Flávio (69-96) e dos Antonino (96-192). Durante as três dinastias, o império vive um período prolongado de ordem e prosperidade, denominado Pax Romana. Alcança a pacificação, faz uma reestruturação política, militar e administrativa, codifica o direito romano e investe na construção de grandes obras públicas . Também atinge sua maior extensão territorial : Macedônia, Grécia, Ásia Menor, Egito, Cirenaica (atual Líbia), península Ibérica, Gália (França), Germânia (Alemanha), Ilíria (Albânia), Trácia, Síria e Palestina.   Ano 1 d.C. – Início da Era Cristã.   54-68 – A popularidade do cristianismo no Império Romano aumenta durante o governo de Nero. De cunho monoteísta, a doutrina não aceita o caráter divino do imperador ("A César o que é de César, a Deus o que é de Deus") e promete vida após a morte ("Quem vive morre, quem morre vive" – apóstolo Paulo). Para fugir das perseguições, o cristianismo passa a ser cultuado nas catacumbas.   70 – Os romanos destroem o Templo de Jerusalém e expulsam os judeus da Palestina, dando início à segunda diáspora judaica. Eles migram para diversos países da Ásia Menor e do sul da Europa, onde formam comunidades com o intuito de preservar sua religião e seus hábitos culturais.   193-395 – A dinastia romana dos Severo (193-235) marca o início do declínio do Império Romano. Com o fim da expansão territorial, o número de escravos diminui, afetando a produção agrícola e o comércio e gerando fome nas cidades. O império, que vivia basicamente de tributos, é obrigado a emitir moeda, desencadeando um processo inflacionário. A deterioração do exército facilita a invasão de povos bárbaros. Diocleciano (285-305) procura conter as forças desintegradoras partilhando o poder entre quatro generais (Tetrarquia). Constantino (306-337) dá liberdade de culto aos cristãos e unifica o império com seu apoio. Constrói uma nova capital, Constantinopla, na entrada do mar Negro, onde antes se localizava a cidade grega de Bizâncio. A crise, porém, persiste, levando à cisão do império em 395.   395 – O imperador Teodósio realiza a divisão do Império Romano em Império Romano do Ocidente, sediado em Roma, e Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, com capital em Constantinopla.   395-1453 - O Império Bizantino atinge o apogeu sob o comando de Justiniano (527-565). O imperador estimula a arte bizantina na produção de mosaicos e o desenvolvimento da arquitetura de igrejas, misturando elementos orientais e romanos. Como legislador, elabora o Código de Justiniano, que revisa e atualiza o direito romano. Após sua morte, o império estende-se ainda por vários séculos, abrangendo a península Balcânica, a Ásia Menor, a Síria, a Palestina, o norte da Mesopotâmia e o nordeste da África. Em 1204, Constantinopla é conquistada pelos cruzados. O restante do território é repartido entre príncipes feudais. Em 1453, o império termina com a tomada de Constantinopla pelos turcos .   400-1087 – Desenvolvimento do Reino de Gana, entre o sudeste da Mauritânia e o sudoeste de Mali, na África Ocidental. O reino é organizado politicamente em torno de um tipo de matriarcado no qual o rei é sempre sucedido pelo filho de sua irmã mais velha, e não pelo próprio filho. Tem a economia centrada no controle do comércio de ouro e sal nas rotas para Líbia, Marrocos e lago Chade. Em 1076 sofre um ataque de um exército berbere do Marrocos e, 11 anos depois, já subjugado pelo império dos solinquês, desintegra-se em diversos Estados menores.   455 – O imperador Valentiniano III promulga o Édito de Supremacia Papal, que confirma o papa como suprema autoridade da Igreja .   476 – O fim do Império Romano do Ocidente marca a transição da Antiguidade para a Idade Média. O império enfrenta grave crise, com a diminuição da mão-de-obra escrava, o aumento das despesas do Estado e a estagnação da produção. Cristãos e pagãos se envolvem em conflitos religiosos. Cidadãos romanos e povos emigrados de áreas conquistadas entram em choque. O desgaste da estrutura interna de poder e o avanço de povos bárbaros acabam minando a resistência do exército romano . Rômulo Augústulo, o último imperador romano do Ocidente, é deposto por Odoacro, chefe germânico (bárbaro).

 

O SISTEMA FEUDAL, PRINCIPAIS CRUZADAS, MACHU PICCHU 

  482-751- Clóvis I, da dinastia merovíngia, unifica as tribos francas e conquista a Gália, originando o Reino Franco, o mais poderoso da Europa Ocidental. Clóvis converte-se ao cristianismo, o que, pelo costume franco, significa a cristianização de todo o povo. Após sua morte, em 511, o reino é dividido e os governantes merovíngios travam várias guerras. Um deles, Pepino, o Breve, depõe o último rei merovíngio em 751 e funda a dinastia carolíngia.   Século IV – X – Situados nas florestas da Guatemala e de Honduras, e na península de Yucatán, no México, os maias formam cidades-estados independentes com governo teocrático. Utilizam avançadas técnicas de irrigação na cultura do milho, do feijão e de tubérculos e realizam trocas comerciais. Constroem templos, pirâmides e palácios de pedra e criam um calendário que determina com precisão o ano solar (365 dias). Adotam a escrita hieroglífica e, na matemática, inventam as casas decimais e o conceito do valor zero. São politeístas e cultuam deuses da natureza.   630-1258 – As tribos da Arábia se unificam por meio do islamismo e da língua árabe, dando origem ao Império Árabe. Com o propósito de difundir a nova religião, o império se expande até a Índia, o norte da África e penetra na Europa pela península Ibérica. Sua divisão em Estados independentes e as divergências entre as seitas islâmicas dos sunitas e xiitas provocam a decadência. A invasão de Bagdá pelos mongóis põe fim ao império.   751-768 - A principal marca do governo de Pepino, o Breve, da dinastia carolíngia, é a bem-sucedida campanha militar lançada contra os lombardos, a pedido do papa Estevão II. Após a vitória, as terras inimigas são doadas à Igreja sob o nome de Patrimônio de São Pedro.   768-814 – O Reino Franco atinge o apogeu durante o reinado de Carlos Magno, primogênito de Pepino, o Breve. Carlos Magno dá continuidade à política expansionista carolíngia. Domina o Reino Lombardo, terras dos saxões na Germânia, a Baviera, o sul dos Pirineus, Barcelona e as ilhas Baleares e integra os povos conquistados por meio do cristianismo. Promove um grande renascimento cultural, conhecido como Renascimento Carolíngio: estimula a fundação de escolas e se torna um dos responsáveis pela transmissão da cultura greco-romana para os tempos futuros. Em 800 é coroado imperador pelo papa Leão III, adquirindo, assim, a incumbência de disseminar e defender a fé cristã. Após sua morte, em 814, o império se enfraquece.   843-987 – Disputas e guerras sucessórias envolvem os netos de Carlos Magno e resultam no Tratado de Verdun, que resulta na divisão do Império Franco em três reinos: Carlos, o Calvo recebe a parte correspondente à França; Luís, o Germânico fica com o território alemão; e Lotário recebe a parte central do Império, que se estende da Itália até o mar do Norte.Inicia-se o processo de desintegração da Europa, que irá redundar no feudalismo.   O SISTEMA FEUDAL – É o sistema de organização econômica, política e social da Europa Ocidental característico da Idade Média, que vigora entre os séculos IX e XVI.Com as invasões bárbaras e a desagregação do Império Romano do Ocidente, a Europa inicia profunda reestruturação, marcada pela descentralização do poder, pela ruralização e pelo emprego de mão-de-obra servil.A estrutura social é estamental, com pouca mobilidade social, e baseada em relações de dependência servil e vassalagem.O feudo constitui a unidade territorial da economia, que se caracteriza pela auto-suficiência e pela ausência quase total do comércio e de intercâmbios monetários.A produção é predominantemente agropastoril, voltada para a subsistência.A Igreja Católica transforma-se em grande proprietária feudal, detendo poder político e econômico e exercendo forte controle sobre a produção científica e cultural da época.   962 – O papa João XII nomeia Otto I imperador do Sacro Império Romano-Germânico (I Reich), numa tentativa de conter os ataques húngaros na Europa cristã. Seus domínios abrangem a porção ocidental da Alemanha, a Áustria, a Holanda (Países Baixos), parte da Suíça, da Polônia e o leste da França. Acentua-se a corrupção e a Igreja Católica torna-se mais suscetível ao poder político, promovendo a venda de cargos eclesiásticos (simonia). O império se mantém forte até o final do século XI. A partir de 1250 compreende um conjunto de pequenos Estados, nos quais o poder local do príncipe supera a autoridade central do imperador.   987 – Após a morte de Luís V, último rei da dinastia carolíngia, nobres franceses elegem Hugo Capeto, conde de Paris, rei da França. Inicia-se o processo de formação da monarquia francesa.   1054 – A Igreja Oriental (Igreja Cristã Ortodoxa Grega) rompe com a Igreja Ocidental (Igreja Católica Apostólica Romana) no chamado Cisma do Oriente. Desde o início do Império Bizantino havia divergências na orientação das duas Igrejas: a Oriental tem certa independência em relação a Roma, celebra seus rituais em grego, é subordinada ao Estado e rejeita algumas crenças ocidentais, como a fé no purgatório. O motivo fundamental para a cisão, porém, é o conflito entre as lideranças das duas Igrejas pelo controle das dioceses do sul da península Itálica.   1066 – Guilherme I, o Conquistador, duque da Normandia, invade a Inglaterra, vence a Batalha de Hastings e submete os saxões a um poder centralizado e autoritário: até então a Inglaterra era dividida em sete reinos feudais. É o início da dinastia normanda na Inglaterra e da monarquia inglesa.   1075 – O Sacro Império Romano-Germânico e o papa Gregório VII travam uma disputa conhecida como a Questão das Investiduras. Procurando diminuir a participação do imperador nas decisões internas da Igreja, o papa proíbe a investidura (nomeação de bispos e padres) leiga e institui o celibato. O rei Henrique IV desacata a ordem e é excomungado pelo papa. Após um conflito armado é definida a Concordata de Worms (1122), que delibera a não-interferência do papa em questões políticas e proíbe o imperador de nomear cargos eclesiásticos.   1095-1270 – Para refazer a unidade cristã abalada pelo Cisma do Oriente, o papado investe em expedições militares – as cruzadas. Elas têm o objetivo de propagar o cristianismo, combater os muçulmanos e cristianizar territórios da Ásia Menor (atual Turquia) e da Palestina. Formadas por cavaleiros e comandadas por nobres, príncipes ou reis, as cruzadas também possuem motivações não religiosas, como a conquista de novos territórios e a abertura de rotas comerciais marítimas e terrestres para o Oriente. Produtos como seda, tapetes, armas e especiarias foram introduzidos no consumo da Europa pelos cruzados.   PRINCIPAIS CRUZADAS – São cinco grandes expedições militares rumo ao Oriente:   Cruzadas dos Mendigos (1096) – Primeira cruzada extra-oficial.Reúne mendigos e ataca tribos árabes.Todos os cruzados são aniquilados.   1ª Cruzada (1096-1099) – Conhecida como Cruzada dos Barões, é a primeira cruzada oficial francesa e agrega cerca de 500 mil pessoas.Chega a Jerusalém, onde é fundado um reino cristão.   2ª Cruzada (1147-1149) – Motivada pela tomada de Edessa pelos turcos.Os cruzados são derrotados em Doriléia, quando empreendem a ofensiva na Palestina.   3ª Cruzada (1189-1192) – Chamada de Cruzada dos Reis, é liderada pelo rei inglês Ricardo Coração de Leão, que estabelece um acordo com o sultão Saladino, do Egito, para que os cristãos possam realizar peregrinações a Jerusalém.   4ª Cruzada (1202-1204) – Financiada por venezianos interessados na rota comercial do Império Bizantino.Tomam e saqueiam Constantinopla.   1118-1312- Hugues de Payns funda a Ordem dos Cavaleiros Templários, depois da conquista de Jerusalém. Inicialmente conhecidos como Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, seu propósito era proteger a viagem de cristãos à Palestina. No decorrer dos anos se tornam muito poderosos e conquistam, por meio de doações, vastas propriedades em toda a Europa, principalmente na França. A instituição é abolida em 1312, com a morte do Grande Mestre, Jacques de Molay, nas fogueiras da Inquisição.   1158 – Uma associação de comerciantes no norte da Alemanha cria a Liga Hanseática, para proteger e promover interesses comerciais comuns. A Liga se transforma em importante força política na Europa, congregando diversas cidades da Alemanha e comunidades alemãs na Holanda, na Inglaterra e no mar Báltico e incentivando o surgimento de cidades livres e associações mercantis.   1206 – Gêngis Klan unifica tribos da Ásia Central (atual Mongólia) e inicia o Império Mongol – tribunal da Igreja Católica instituído para perseguir, julgar e punir os acusados de heresia (doutrinas ou práticas contrárias às definidas pela Igreja). As punições variam desde uma retratação pública até o confisco de bens e a prisão perpétua, convertida pelas autoridades civis em execução na fogueira ou forca em praça pública. Em 1252, o papa Inocêncio IV aprova o uso da tortura como método para obter confissão de suspeitos do tribunal.   1278-1295 – O mercador italiano Marco Polo, acompanhado do pai e do tio, chega à China, abrindo caminho a outros viajantes e promovendo o intercâmbio entre Ocidente e Oriente. Permanece na China por 17 anos, exercendo funções administrativas e diplomáticas na corte do soberano Kublai Klan, neto de Gêngis Klan. Em 1295, os Polo voltam a Veneza, com riquezas e especiarias.   1281 – Otman I dá início à expansão turca e à propagação do islamismo, fundando o Império Turco-Otomano. De um pequeno principado na região da Anatólia (atualmente na Turquia), os turco-otomanos estendem seus domínios pela Europa, pelo Oriente Médio e pelo norte da África. O florescimento do império como potência mundial ocorre com a tomada de Constantinopla e a conquista da península Balcânica, nos séculos XIV, XV e XVI.   Século XIII – Os incas fundam Cuzco, a capital do Império Inca, na cordilheira dos Andes (região do atual Peru). Ocupam também territórios do Equador, do Chile e da Bolívia. Enfraquecidos por guerras internas, são dominados pelos espanhóis em 1532. Viabilizam a agricultura nas montanhas, talhando o relevo em degraus, e, nas regiões desérticas do litoral, irrigam a terra por meio de tanques e canais. Dominam a ourivesaria, a cerâmica e conhecem a tecnologia do bronze. Utilizam quipos (cordões e nós coloridos) para registrar acontecimentos e fazer cálculos. São o único povo pré-colombiano a domesticar animais. Constroem centros religiosos e cultuam o deus Sol. Seu rei, intitulado Inca, tem poder absoluto por estar associado a essa divindade.   MACHU PICCHU – As ruínas dessa cidade inca foram descobertas pelo arqueólogo norte-americano Hiram Bingham em 1911.Há evidências de que a cidade era um grande centro religioso, construído no século XV.Restam apenas ruínas de 216 habitações de pedra, provavelmente pertencentes a nobres e sacerdotes.Ao redor de Machu Picchu há um número expressivo de sítios arqueológicos, sinal de que a região era povoada.De acordo com historiadores, a cidade deve ter sido o coração de uma extensa área metropolitana, que chegou a ter 16 milhões de habitantes.No cemitério da cidade, porém, só foram descobertos 173 corpos, a maioria de mulheres.Acredita-se que a cidade foi destruída por uma epidemia, uma guerra ou uma combinação dos dois fatores.   1309-1377– Descontente com a intromissão da Igreja em assuntos do reino, o rei da França, Felipe IV, prende o papa Bonifácio VIII e nomeia Clemente V, de origem francesa, novo papa. O episódio fica conhecido como Cativeiro de Avignon. O novo papado é instalado em Avignon, de onde se sucede uma série de papas franceses. Após 68 anos, a Santa Sé, sob o comando do papa Gregório XI, recupera o direito de retornar a Roma.   1325-1519 – Em uma área pantanosa ao redor do lago Texcoco, no México, os astecas fundam Tenochtitlán, atual Cidade do México. Chefiada pelo rei, que comanda o Exército, a sociedade asteca é altamente hierarquizada. É constituída pela nobreza, que inclui guerreiros e sacerdotes, e por uma população de agricultores, pequenos comerciantes e artesãos, que prestam serviço militar compulsório. Os astecas realizam importantes obras de drenagem e constroem espécies de ilhas artificiais (chinampas) para ampliar as áreas de cultivo. Desenvolvem intensa atividade comercial em mercados urbanos. Usam a escrita pictórica e a hieroglífica e estudam a astronomia, a astrologia e a matemática. Entre os vários deuses cultuados estão o da guerra, do Sol, da chuva e a Serpente Emplumada. O império expande-se no reinado de Montezuma II, entre 1502 e 1520, agrupando 500 cidades e 15 milhões de habitantes. Os astecas fundem sua cultura com a dos povos conquistados, cobrando-lhes pesados tributos. Seu declínio começa em 1519, quando a região é invadida por espanhóis que obtêm a cooperação dos grupos dominados para rendê-los.   1337-1453 – A pretensão do rei inglês Eduardo III, neto de Felipe, o Belo, de disputar a sucessão do trono francês é o estopim da Guerra dos Cem Anos, que opõe França e Inglaterra. O conflito envolve o interesse da Inglaterra no comércio de lã no território de Flandres, sob domínio francês; a ajuda da França à Resistência Escocesa; e a posse de terra que os reis ingleses, duques da Normandia, tinham na área francesa. Ao final da guerra, a França recupera todas as possessões sob domínio inglês. O embate consolida a identidade nacional francesa e facilita uma conspiração da nobreza inglesa, que iniciaria uma guerra civil: a Guerra das Duas Rosas. Outra conseqüência é a perda de poder dos senhores feudais nos dois países e o aumento da autoridade real.   1347 – Trazida por um navio proveniente do mar Negro, a peste negra chega à Europa pelo Porto de Gênova. A epidemia, altamente infecciosa, é transmitida ao homem pelas pulgas de rato. Espalha-se com grande velocidade e provoca a morte de cerca de um terço da população do continente.   1378-1417 – Gregório XI deixa Avignon e retorna à Itália para restabelecer o papado em Roma. Em 1378, na eleição de seu sucessor, dois grupos disputam a indicação do novo papa: os eclesiásticos romanos, partidários da posse de Urbano VI, e os franceses, favoráveis à Clemente VII. Sem acordo, o papado fica dividido: o papa de Avignon passa a ser sustentado pelo rei da França e o romano se mantém com o auxílio do imperador do Sacro Império Romano-Germânico. O episódio fica conhecido como Cisma do Ocidente. Várias tentativas de revogar a cisão falham. Somente após o Concílio de Constança (1417) e a eleição do papa Martinho V é restabelecida a unidade do pontificado.   1385 – Início da monarquia nacional portuguesa. Com origem no humanismo, o Renascimento está associado à restauração dos valores do mundo clássico greco-romano e à crença no potencial ilimitado da criação humana. Manifesta-se nas artes, na literatura e nas ciências. O espírito de inquietação estende-se à geografia e à cartografia, e o impulso de investigar o mundo leva às grandes navegações e ao descobrimento do Novo Mundo Em conseqüência, ocorrem progressos técnicos e conceituais, além de questionamentos que abrem caminho para as reformas religiosas.   1415 – Portugal inicia a expansão marítima européia. A primeira expedição, comandada pelo rei João I, promove a conquista de Ceuta, importante porto do norte da África e ponto de partida para as futuras expedições e descobertas portuguesas no continente africano.

 

1453 – Marco de ruptura entre a Idade Média e a Idade Moderna

 A tomada de Constantinopla pelo Império Turco-Otomano provoca mudanças significativas nas relações de poder no Mediterrâneo. O bloqueio das rotas comerciais entre Europa e Ásia pelos turcos gera grande prejuízo econômico, levando os europeus a procurar novos caminhos para a Ásia pelo oceano Atlântico.   1453-1485 – A disputa pelo trono inglês, travada entre a casa real de Lancaster, cujo brasão tem uma rosa vermelha, e a de York, que possui uma rosa branca, provoca a Guerra das Duas Rosas. O conflito termina com a conquista do trono por Henrique Tudor, que unifica as duas alas da nobreza e restaura a autoridade real. Com o nome de Henrique VII, ele inaugura a dinastia Tudor, responsável pela implantação do absolutismo na Inglaterra.   1468-1591 – Sunni Ali Ber funda o Império Songhai ao conquistar o centro comercial de Gao (no atual Mali). No governo de Askia (1492-1528), o império já compreende os territórios dos atuais Burkina Fasso, Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal. É o maior império da história da África Ocidental. Seu declínio tem início quando Askia, já cego, é deposto por seu filho. Em 1591, o exército marroquino conquista o território.   1479-1492 – Formação da monarquia nacional espanhola. O casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1469, impulsiona a união dos dois reinos ibéricos, que passam a ter uma única administração dez anos depois. Em 1492, o reino se consolida com a conquista de Granada, última região sob ocupação islâmica na Espanha.   1487 – Bartolomeu Dias contorna o cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano, abrindo caminho para o Oriente. Em 1498, Vasco da Gama atinge Calicute, na Índia.   1492 – Convencido da esfericidade da Terra, o navegador genovês Cristóvão Colombo propõe a Portugal alcançar as Índias pelo Atlântico. Rechaçado, leva ao rei espanhol o mesmo projeto. Parte, então, em 3 de agosto, do porto espanhol de Palos com sua frota formada pelos navios Santa Maria, Pinta e Niña. No dia 12 de outubro, data do descobrimento da América, Colombo aporta na ilha de San Salvador (Bahamas), pensando ter chegado às Índias.   1500 – O navegador Pedro Álvares Cabral e sua esquadra atingem o litoral sul da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil.   1517-1564 – A contestação da estrutura e dos dogmas da Igreja Católica desencadeia a Reforma Protestante, que quebra a unidade do cristianismo. A reforma favorece a monarquia européia, interessada em acabar com os privilégios da Igreja. Também beneficia a burguesia, ao intensificar o progresso comercial e urbano, com uma nova religião mais afinada com o capitalismo e o nacionalismo emergentes.   1534 – Ignácio de Loyola funda a Companhia de Jesus, com a missão de ser uma ordem de ação política e ideológica da Igreja Católica.   1542 – A Inquisição é restabelecida como órgão oficial da Igreja, dirigida de Roma pelo Santo Ofício. O tribunal detém com violência o avanço protestante em Portugal, Espanha e Itália.   1545-1563 – A Reforma Protestante e as pressões internas pela renovação das práticas e pela atuação política do clero levam a Igreja Católica a formular a Contra-Reforma. Suas diretrizes são definidas no Concílio de Trento, que reafirma todos os dogmas e institui o Index Librorum Prohibitorum, lista de livros proibidos aos católicos, sob pena de excomunhão.   1547-1917 – Adotando o título de czar, inspirado no César latino, Ivan IV, o Terrível funda o Império Russo. Mas somente em 1613, durante a dinastia Romanov, o Estado russo é unificado. Pedro I, o Grande cria o Santo Sínodo, que coloca a Igreja sob controle do czar. O dirigente também une a aristocracia ao governo absolutista, garantindo ao regime uma estabilidade que duraria até 1917, ano da Revolução Russa.   1572 – Em 24 de agosto, a rainha católica Catarina de Médicis ordena o assassinato de mais de 3 mil protestantes em Paris, episódio conhecido como Noite de São Bartolomeu. O massacre não poupa mulheres nem crianças e termina apenas três dias depois.   1600 – Fundação da Companhia Britânica das Índias Orientais com o objetivo de explorar o comércio inglês com o Oriente, o Sudeste da Ásia e a Índia. Mais tarde, a organização envolve-se com questões políticas a atua como agente do imperialismo britânico na Índia.   1618-1648 – Protestantes e católicos enfrentam-se na Guerra dos Trinta Anos surge no auge do iluminismo e se transforma em uma das mais importantes bases teóricas da Revolução Francesa. É editada com o objetivo de reunir o conhecimento existente na época sobre artes, ciência, filosofia e religião. Fundamentada no racionalismo, a Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios atrai colaboradores como Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Quesnay.   1756-1763 – Inglaterra e França enfrentam-se na Guerra dos Sete Anos, motivada sobretudo por disputas de colônias na Índia e na América do Norte. A Inglaterra vence a guerra e consolida seu domínio em grande parte do império colonial francês.   1765 – James Watt aperfeiçoa o motor a vapor, a primeira forma regular e estável de obtenção de energia inventada pelo homem e marco da Revolução Industrial.   1776 – A revolta de colonos na América do Norte contra a política financeira imposta pelo Reino Unido leva à independência dos Estados Unidos. O estopim da rebelião é a aprovação da Lei do Chá, que dá o monopólio do comércio do produto à Companhia Britânica das Índias Orientais, prejudicando os comerciantes locais. A igualdade de direito dos colonos é reivindicada em 1774, durante o Congresso Continental da Filadélfia. Em 1775, a partir da Batalha de Lexington, os colonos organizam-se militarmente e a guerra contra a metrópole é declarada. Ainda naquele ano, uma comissão de cinco membros, liderada por Thomas Jefferson (1743-1826), redige a Declaração de Independência, promulgada no dia 4 de julho de 1776. Em 1783, a Inglaterra reconhece a independência dos Estados Unidos da América pelo Tratado de Versalhes.   1789 – Os 13 estados norte-americanos Carolina do Norte, Carolina do Sul, Connecticut, Delaware, Geórgia, Maryland, Massachusetts, New Hampshire, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia, Rhode Island e Virgínia – ratificam a primeira Constituição da história, que serve de modelo para a maioria das repúblicas surgidas no mundo. A Constituição institui a separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e cria um sistema de dupla soberania, em que o Estado Federal possui atribuições acima dos estados. No mesmo ano, George Washington torna-se o primeiro presidente dos Estados Unidos. No século XIX o país expande seu território por meio de compra de possessões, de guerras e conquistas de territórios indígenas.

1789-1799, 1839-1860, 1870, 1900-1901, 1920, 1939-1945, 1945-1980   1789-1799

 – Estimulada pelos ideais iluministas e com apoio popular, a burguesia volta-se contra os privilégios da nobreza e do clero e instaura a I República na Revolução Francesa. A desigualdade civil e uma profunda crise econômica dominam a França de Luís XVI. Ocorrem revoltas que resultam na proclamação da Assembléia Nacional Constituinte e na tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, por cerca de mil parisienses, quase todos comerciantes, artesãos e assalariados. Em 1792, os jacobinos assumem a liderança da revolução com o apoio dos sans-culottes (proletariado urbano) e prendem seus opositores, os girondinos. Durante o chamado Período do Terror, entre 1793 e 1794, a revolução se radicaliza sob o comando de Robespierre. Há execuções em massa e as sentenças de morte atingem também os revolucionários considerados traidores ou acusados de conspiração. Com a execução do próprio Robespierre, chega ao fim a supremacia do grupo jacobino. Os girondinos instalam no poder a alta burguesia. Diante de ameaças externas e com a finalidade de resguardar seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte.   1799-1804 – Escolhido pela burguesia para solucionar a crise que se instala com a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte dá um golpe de Estado, o Golpe do 18 Brumário. O líder militar suprime a Constituição republicana, substituindo-a por outra de caráter autoritário. Concentra todo o poder nas mãos do primeiro-cônsul, cargo que passa a ocupar. Nesse período, conhecido como Consulado, Napoleão realiza obras de pacificação e de organização dos territórios franceses. Participa da redação do Código Civil, que confirma a vitória da revolução burguesa e influencia a legislação de todos os países europeus no século XIX. Institui os princípios de igualdade, de propriedade das terras, das heranças, a tolerância religiosa e o divórcio.   1804-1815 – Napoleão Bonaparte é coroado imperador sob o nome de Napoleão I. O Império Napoleônico promove uma política expansionista: domina a Itália, a Holanda (Países Baixos) e parte da Alemanha; estabelece uma aliança com a Rússia; e declara bloqueio continental à Inglaterra em 1807. Em 1810, o império reúne 71 milhões de habitantes, dos quais apenas 27 milhões são franceses. Forma-se uma coalizão européia contra o poderio francês e Napoleão é obrigado a abdicar. Exilado por menos de um ano na ilha de Elba, retorna à França e reconquista o poder. Inicia-se o Governo dos Cem Dias. Finalmente é derrotado pelos ingleses na Batalha de Waterloo.   1811-1844 – Início dos movimentos de independência das colônias americanas. O processo é favorecido pela difusão das idéias liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos Estados Unidos; pela mudança no equilíbrio de poder na Europa em conseqüência das guerras napoleônicas; e pela alteração nas relações metrópole-colônia. A maioria dos movimentos emancipacionistas é liderada por crioulos (descendentes de espanhóis nascidos na América), que exigem maior autonomia, liberdade comercial e igualdade perante os espanhóis. Contam com o apoio dos ingleses, interessados na liberação dos mercados latino-americanos.   1815 – Com a derrota de Napoleão Bonaparte, representantes das potências européias se reúnem no Congresso de Viena para redefinir o mapa político da Europa e do mundo. Sob a liderança de Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia, os territórios do Império Napoleônico são redistribuídos entre os países vencedores, restaurando dinastias e fronteiras alteradas pelas guerras napoleônicas. A Santa Aliança, organização política internacional, é criada com o propósito de deter novas campanhas revolucionárias e impedir o desequilíbrio de poder entre as potências européias.   1830-1832 – Os movimentos de caráter liberal e burguês que se iniciam na França e se espalham pela Europa ficam conhecidos como Revoluções Liberais. Na França explodem revoltas populares depois que o rei Bourbon Carlos X suspende a liberdade de imprensa e dissolve a Câmara. Vitoriosos, os burgueses levam ao trono um Orléans: Luís Felipe I. A derrubada dos Bourbon estimula o surgimento de várias outras insurreições na Europa. A Bélgica liberta-se dos Países Baixos (Holanda e Luxemburgo) e a Grécia torna-se um Estado independente. Entre 1830 e 1831, manifestações nacionalistas eclodem na Polônia, abafadas pelos russos. Em 1832 começam as agitações em várias partes da Alemanha e da Itália.   1838 – Os primeiros sindicatos (trade unions) surgem na Inglaterra, influenciados pelo aparecimento das idéias socialistas e das revoluções liberais.   1839-1860 – China e Reino Unido envolvem-se em dois conflitos, conhecidos como Guerra do Ópio. A Companhia Britânica das Índias Orientais mantém intenso comércio com os chineses, comprando chá e vendendo o ópio trazido da Índia. A decisão do governo imperial chinês de suspender a importação dessa substância leva ao primeiro confronto (1839-1842). Vencida, a China é forçada a pagar indenização, abrir cinco portos para o comércio e ceder a ilha de Hong Kong aos britânicos. No segundo embate (1856-1860), os ingleses aliam-se à França contra os chineses, que, novamente derrotados, cedem novos portos às nações vencedoras.   1845 – O Parlamento britânico aprova a lei Bill Aberdeen, que praticamente extermina o tráfico negreiro no mundo. A lei concede à Marinha de Guerra inglesa o direito de aprisionar e afundar qualquer navio negreiro no oceano Atlântico.   1848 – Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto do Partido Comunista. Nele, a História é concebida como o resultado da luta entre as classes. No período do capitalismo, a oposição ocorre entre a burguesia e a classe operária. O manifesto conclama o proletariado de todo o mundo a se unir para tomar o poder. Traduzido para várias línguas, tem forte influência nos movimentos operários e revolucionários. 1848 – A crise econômica e a falta de liberdade civil acentuam a oposição à monarquia na França, iniciando as Revoluções de 1848. Os revoltosos proclamam a II República e instalam um governo provisório de maioria burguesa durante uma insurreição em fevereiro. Apesar da conquista da liberdade democrática, as condições de vida dos trabalhadores pouco mudam. Em junho, promovem uma nova revolução, reprimida pelas tropas oficiais. A onda revolucionária atinge simultaneamente outras nações européias (como a Itália, a Suíça e os estados alemães), mas é sufocada em todas elas.   1853-1856 – Reino Unido, França, Áustria, Sardenha (Itália) e Império Turco-Otomano combatem o expansionismo russo nos Bálcãs e na região entre os mares Negro e Mediterrâneo durante a Guerra da Criméia. O conflito se desenrola na península da Criméia, no sul da Rússia, e nos Bálcãs. Vencida, a Rússia devolve o sul da Bessarábia (atual Moldávia) e a embocadura do rio Danúbio para os otomanos. Também é proibida de manter bases ou forças navais no mar Negro.   1861-1865 – Interesses antagônicos entre os estados do sul dos EUA (latifundiários, aristocratas e escravagistas) e os do norte (industrializados e abolicionistas) provocam a Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão. Os 11 estados sulistas (Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississippi, Tennessee, Texas, Virgínia) deflagram o conflito. Com um saldo de 600 mil mortos, a guerra termina com a derrota sulista e o fim da escravidão. A liberdade formal não transforma a vida dos negros, que continuam marginalizados e sem nenhum programa governamental para sua integração profissional e econômica. O sul é ocupado militarmente até 1877, favorecendo o surgimento de sociedades secretas como os Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku Klux Klan, defensoras da segregação racial.   1864 – É criada a Primeira Internacional dos Trabalhadores, associação do proletariado socialista dirigida por Karl Marx. Ela defende a tomada do poder pelo proletariado por meio de partidos socialistas e sindicatos operários.   1867-1918 - Áustria e Hungria se unem numa monarquia dual, o Império Austro-Húngaro. Pelo acordo, as duas nações se mantêm como Estados separados, com Constituições, línguas, governos e Parlamentos próprios. Possuem, porém, um monarca e ministros comuns para assuntos estrangeiros e financeiros. O império reúne um mosaico de povos (tchecos, poloneses, eslovacos, romenos, croatas, eslovenos e italianos) submetidos à hegemonia magiar (na Hungria) e alemã (na Áustria). A negativa dos dirigentes austro-húngaros em atender às reivindicações das minorias acirra os nacionalismos e acaba provocando sua dissolução no final da I Guerra Mundial.   1868 – O imperador Mutsuhito assume o poder após o declínio do xogunato e põe fim ao Japão feudal. Início de um período de modernização e industrialização, conhecido como Era Meiji, que transforma o Japão na maior potência do Oriente.   1870 – Unificação italiana, com a integração dos diversos estados e reinos italianos. Após a Revolução Liberal de 1848 intensificam-se os ideais italianos de união do território, dividido até então nos reinos da Sardenha e Piemonte, ao norte; no Reino das Duas Sicílias, ao sul; nos Estados da Igreja; no Reino Lombardo-Veneziano; no Ducado de Toscana; e no Ducado de Módena. Enquanto o grupo Jovem Itália (formado pela média burguesia e pelo proletariado) defende um Estado republicano, o Risorgimento (integrado pela alta burguesia) é partidário da criação de uma monarquia liberal. Em 1861, Vittòrio Emanuèle II, rei de Piemonte-Sardenha, é proclamado rei da Itália. A consolidação do país é atingida em 1870 com a conquista de Roma.   1870-1871 – Guerra Franco-Prussiana marca o fim da hegemonia francesa na Europa. Reagindo à ambição de Napoleão III de conquistar a Prússia, o chanceler prussiano Otto von Bismarck derrota o Exército francês em 1871 e anexa a Alsácia e a Lorena. No mesmo ano, Bismarck efetiva a unificação alemã, integrando os estados germânicos no II Reich (o primeiro foi o Sacro Império Romano-Germânico, instalado por Otto em 962). O desenvolvimento econômico e social dos estados germânicos no século XIX estimula os ideais de unificação, à medida que garante condições para o avanço militar.   1871 – Os termos de paz impostos à França, vencida na Guerra Franco-Prussiana, provocam uma revolta popular liderada pelo socialista Louis Blanc e pelo anarquista Joseph Proudhon. É implantado, então, um governo revolucionário – a Comuna de Paris – que institui o fim dos privilégios e distinções de classe, o ensino gratuito e obrigatório, o controle do preço dos alimentos e a distribuição da renda em sistema cooperativo. Após 72 dias de duração, a Comuna é derrotada por tropas conservadoras francesas e estrangeiras. Mais de 20 mil revolucionários são executados.   1879-1884 – O Chile vence Peru e Bolívia na Guerra do Pacífico, que envolve a posse da região do deserto de Antofagasta, rica em salitre. Pelo Tratado de Valparaíso, a Bolívia entrega ao Chile sua única saída para o mar.   1884-1885 – A Conferência de Berlim partilha a África entre as potências européias.   1894-1895 – Japão e a China travam a Guerra Sino-Japonesa pelo controle da Coréia, que ocupa posição estratégica e possui grandes reservas minerais (carvão e ferro). A guerra termina com a vitória das forças militares japonesas, que arrasam o Exército e a Marinha chineses. O Japão recebe as ilhas de Taiwan (Formosa) e Pescadores, além de uma volumosa indenização. 1898 – As ambições norte-americanas no mar do Caribe e no oceano Pacífico, então sob domínio espanhol, levam à Guerra Hispano-Americana. A derrota espanhola assinala o início do imperialismo norte-americano no mundo. Os Estados Unidos (EUA) anexam Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam e incorporam formalmente o Havaí, seu protetorado desde 1875. Cuba também é cedida aos EUA, mas conquista a independência em 1902.   1899-1902 – O Reino Unido anexa as repúblicas independentes de Transvaal e de Orange, no nordeste da África do Sul, após vencer a resistência dos bôeres na Guerra dos Bôeres. Descendentes dos colonizadores holandeses, os bôeres ocupam a região nas primeiras décadas do século XIX, atraídos por suas ricas jazidas de diamante, ouro e ferro. Em 1910, Transvaal e Orange juntam-se às colônias do Cabo e de Natal para constituir a União Sul-Africana.   1900-1901 – Insatisfeitos com a submissão da dinastia Manchu à dominação européia, nacionalistas chineses iniciam atentados contra autoridades estrangeiras na China, deflagrando a Guerra dos Boxers. O movimento parte de uma associação secreta do norte do país, a Sociedade Harmoniosos Punhos Justiceiros, conhecida como Sociedade dos Boxers. Reino Unido, França, Japão, Rússia, Alemanha e Estados Unidos organizam uma expedição conjunta para combater o movimento. Derrotada, a China é condenada a pagar indenização e a aceitar a política da Porta Aberta, que mantém sua integridade territorial em troca de concessões econômicas ao Ocidente.   1904-1905 – Os expansionismos japonês e russo entram em choque no extremo Oriente, provocando a Guerra Russo-Japonesa. Em 1900, a Rússia ocupa a região da Manchúria (nordeste da China) e começa a penetrar no norte da Coréia. Os japoneses reagem em 1904 e derrotam os russos num ataque-surpresa. Com a vitória – a primeira de um exército asiático sobre uma potência européia – o Japão ascende à condição de potência mundial e abre caminho para suas ambições imperialistas.   1909 – O norte-americano Henry Ford introduz em sua fábrica de automóveis a linha de montagem, com o objetivo de racionalizar e aumentar a produção. O novo processo produtivo – chamado de fordismo – exige a construção de grandes fábricas e forte concentração financeira, levando à formação das sociedades anônimas.   1910 – O candidato da classe média mexicana Francisco Madero perde as eleições presidenciais de 1910 para Porfírio Díaz, no poder desde 1876 com o apoio da oligarquia latifundiária. Alegando fraude, milhões de camponeses pegam em armas e dão início à Revolução Mexicana, a primeira revolta popular do século XX, liderada por Pancho Villa e Emiliano Zapata. Sua principal reivindicação é a reforma agrária.   1912-1913 – As Guerras Balcânicas - envolvendo países da península e a Turquia – praticamente encerram a ocupação turco-otomana nos Bálcãs. Vitoriosa, a Sérvia duplica seu território, anexando partes da Macedônia e de Montenegro. Mas o país fica sem saída para o mar Adriático e reafirma suas ambições sobre os territórios a oeste da península, sob domínio do Império Áustro-Húngaro. O agravamento das tensões na região compõe o cenário que resulta na I Guerra Mundial.   1914-1918 – O choque de interesses imperialistas das nações européias aliado a anseios nacionalistas provocam a I Guerra Mundial. O conflito opõe a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Turquia) e a Tríplice Entente (França, Reino Unido e Rússia), vencedora da guerra. O estopim do confronto é uma disputa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia (aliada dos russos) na península Balcânica. Mais de 8 milhões de soldados e mais de 6,5 milhões de civis morrem no conflito.   1917-1922 – A crise econômica e política do Império Russo, agravada no início do século XX, estimula a propagação de idéias contra o regime czarista, abolido durante uma revolução que conduz o proletariado ao poder, conhecida como Revolução Russa. O movimento começa com a Revolução de Fevereiro, que força a abdicação do czar e coloca no governo uma coalizão reunindo a burguesia liberal e os socialistas moderados (mencheviques). No entanto, os mencheviques perdem apoio ao manter a Rússia na I Guerra Mundial. No dia 7 de novembro de 1917 (25 de outubro no calendário juliano), a oposição socialista radical (bolcheviques) promove uma insurreição sob o comando de Lênin. O novo dirigente dá aos camponeses o direito de explorar a terra e transfere o controle das fábricas aos operários. Institui a Nova Política Econômica (NEP), que permite a criação de empresas privadas, sob a supervisão do Estado. O governo bolchevique só se consolida após quatro anos de guerra civil. Em 1922, nasce a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a primeira nação socialista do mundo, reunindo os territórios que pertenciam ao Império Russo.   1919 – As nações vencedoras da I Guerra Mundial estabelecem o Tratado de Versalhes, que determina os termos de paz com a Alemanha, impondo a esse país severas penas. Obrigada a ratificá-lo, a Alemanha perde todas as colônias, entrega a Alsácia e a Lorena à França, fica proibida de manter Marinha e Aeronáutica e limita seu Exército a 100 mil homens. É forçada, ainda, a pagar uma pesada indenização aos vencedores. As demais potências derrotadas assinam acordos em separado. Pelos tratados de Saint-Germain e Trianon, o Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem a Hungria, a Tchecoslováquia, a Polônia e a Iugoslávia. A Áustria se tornou um pequeno Estado, sem poder significativo. A paz com o Império Turco-Otomano é selada no ano seguinte.   1920 – Tratado de Sèvres partilha territórios do Império Turco-Otomano no Oriente Médio entre as potências vencedoras da I Guerra Mundial. O Iraque, a Transjordânia (atual Jordânia) e a Palestina se tornam protetorados britânicos, enquanto a Síria e o Líbano passam para o mandato francês. Três anos depois, Mustafa Kemal – líder militar que adota o codinome Atatürk, ou "pai dos turcos" - funda a República Turca nos domínios que restaram do Império Turco-Otomano. 1920 – Criação da Liga das Nações, com sede em Genebra (Suíça), que tem como objetivo garantir a paz e a segurança mundial. 1920 – Tropas britânicas abrem fogo contra uma multidão de irlandeses em Dublin, matando 12 pessoas. O episódio, conhecido por Domingo Sangrento, acontece em meio a onda de violência contra o domínio britânico na Irlanda, comandada pelo partido nacionalista Sinn Féin e seu braço armado, o Exército Republicano Irlandês (IRA). Dois anos depois é proclamado o Estado Livre da Irlanda – atual República da Irlanda – reunindo os condados católicos do sul da ilha. O norte da Irlanda – Ulster –, de maioria protestante, permanece ligado ao Reino Unido até hoje.   1922 – Após organizar a Marcha sobre Roma, Benito Mussolini torna-se primeiro-ministro da Itália a convite do rei Vittòrio Emanuèle III. O dirigente implanta o fascismo, regime político totalitário, nacionalista e corporativo.   1924-1953 – Stálin torna-se secretário-geral do Partido Comunista da URSS (PCUS) e assume o comando do país. Institui um regime totalitário, conhecido como stalinismo. Controla o Estado com poderes ditatoriais e espalha o terror: expulsa do partido e do Exército os inimigos declarados ou potenciais. Milhões são presos, executados ou deportados para campos de trabalho na Sibéria. No plano econômico, implanta uma nova política econômica (gosplan), baseada em planos qüinqüenais. Força a industrialização de base e a coletivização de terras.   1929 – A expansão do crédito bancário e a especulação financeira nos Estados Unidos (EUA) gera grave crise econômica, que atinge o limite com a quebra da Bolsa de Nova York. Mais de 9 mil bancos e 85 mil empresas decretam falência e a cotação das ações cai em média 85% entre 1929 e 1932. A redução de salários chega a 60% e o desemprego atinge 13 milhões de pessoas. A crise ganha dimensão mundial com a diminuição do crédito norte-americano a outros países e a elevação das tarifas alfandegárias dos EUA, que provocam refluxo no comércio exterior.   1930 - Seguido por milhares de pessoas, Mahatma Gandhi conduz a Marcha para o Mar: uma caminhada de mais de 320 quilômetros para protestar contra os impostos britânicos sobre o sal. Principal líder do movimento pela independência da Índia, Gandhi prega a resistência pacífica, ou seja, a não-violência como forma de luta. É preso diversas vezes por organizar campanhas de desobediência civil, que incluem o boicote aos produtos britânicos e a recusa ao pagamento de tributos.   1931 – O auge do expansionismo japonês se dá com a invasão da Manchúria – rica província chinesa, detentora de solo fértil e de depósitos de xisto petrolífero, carvão e ferro. É implantado o estado fantoche de Mandchukuo, governado formalmente pelo último imperador chinês, Pu Yi, e efetivamente controlado pelos japoneses.   1932 – António de Oliveira Salazar torna-se primeiro-ministro de Portugal. Inspirado no fascismo italiano, seu regime fica conhecido como salazarismo. Por meio da Constituição de 1933, Salazar institui o Estado Novo: estabelece o União Nacional como partido único, implanta a censura e reprime a oposição com a polícia de segurança, a Pide.   1933 – No auge da crise provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, Franklin Roosevelt assume a Presidência dos Estados Unidos e lança o New Deal (Novo Acordo). Influenciado pelas idéias do economista inglês John Keynes, o programa de reformas econômicas e sociais baseia-se no combate ao desemprego e no aumento da produção industrial por meio de investimentos estatais. 1933 – Hitler torna-se chanceler da Alemanha, assume o papel de führer (guia do povo alemão) e instaura uma ditadura dominada pelo partido nazista. A recessão vivida pela Alemanha no pós-guerra cria condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo. Nacionalista, Hitler defende o racismo e a superioridade da raça ariana; nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista; e luta pelo expansionismo alemão. Transformando comícios e manifestações de massa em espetáculos e utilizando-se dos meios de comunicação para divulgar seus ideais de ordem e revanchismo, o partido nazista ganha rapidamente o apoio da população, castigada pela crise e pelo desemprego.   1936 – Início do expansionismo alemão com a invasão da Renânia, região do oeste da Alemanha, desmilitarizada pelo Tratado de Versalhes.   1936-1939 – Liderados pelo general Francisco Franco, rebeldes militares da guarnição de Melilla, no Marrocos espanhol, voltam-se contra o governo republicano e tomam as cidades de Sevilha e Cádiz, iniciando a Guerra Civil Espanhola, conflito que deixa 1 milhão de mortos. O combate se alastra pelo país, opondo republicanos e nacionalistas (franquistas). Do lado republicano lutam operários, camponeses, setores da classe média e cerca de 25 mil voluntários de 53 países, organizados nas Brigadas Internacionais. A União Soviética (URSS) dá auxílio financeiro limitado aos militantes comunistas, dividindo as forças republicanas. Com o apoio das Forças Armadas (exceto Aeronáutica), da Igreja Católica e a ajuda da Alemanha e da Itália - que tinham afinidades ideológicas com a direita espanhola - Franco vence a guerra em 1939 e instaura a ditadura, que se estende até sua morte, em 1975.   1939-1945 – Reino Unido e França declaram guerra à Alemanha após a invasão nazista na Polônia e iniciam a II Guerra Mundial. Em 1940 é formalizado o Eixo, pacto entre Alemanha, Japão e Itália. No ano seguinte, os japoneses bombardeiam a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, e forçam a entrada dos Estados Unidos (EUA) na guerra. Definem-se, assim, as duas forças em conflito. De um lado, os países do Eixo e, de outro, os Aliados (França, Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética). Quase 50 milhões de pessoas morrem na guerra e cerca de 6 milhões de judeus são exterminados em campos de concentração nazistas.   1944 – Com o objetivo de facilitar as operações financeiras de venda, troca ou compra de valores em moedas entre países, a Conferência de Bretton Woods, realizada em New Hampshire, Estados Unidos, adota o dólar norte-americano como base do sistema monetário mundial, em substituição ao padrão ouro. Na conferência, é criado o Fundo Monetário Internacional (FMI). 1944 – No dia 6 de junho de 1944, conhecido como Dia D, os aliados lançam o ataque decisivo contra as forças nazistas. O desembarque de 155 mil soldados aliados em Caen, na Normandia francesa, é considerado a maior operação aeronaval da história. Envolve mais de 1,2 mil navios de guerra e mil aviões. Paris é libertada em 25 de agosto.   1945 – O Exército da URSS ocupa a Berlim em 2 de maio de 1945. Cinco dias depois, ocorre a rendição da Alemanha. 1945 – Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima (6/8) e Nagasaki (9/8), matando 170 mil pessoas. Ao mesmo tempo, tropas soviéticas expulsam os japoneses da Manchúria e da Coréia. Em 2 de setembro, o Japão capitula, pondo fim à II Guerra Mundial. 1945 – Franklin Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, Josef Stálin, dirigente da União Soviética, e Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido, determinam os limites da área de influência soviética no Leste Europeu durante a Conferência de Yalta, na Criméia. 1945 – Conferência de Potsdam partilha a Alemanha e Berlim em quatro zonas de ocupação (Reino Unido, EUA, França e URSS). A Coréia é dividida entre os EUA (sul) e a URSS (norte), e o Japão permanece sob ocupação norte-americana até 1952. 1945 – Cinqüenta países assinam a Carta da ONU (Organização das Nações Unidas) em 25 e 26 de abril. A organização - hoje com 185 países-membros - nasce com a finalidade de zelar pela segurança e pela paz mundial, pela defesa dos direitos humanos e pela melhoria do nível de vida em todo o mundo. 1945 – Países árabes do Oriente Médio e do norte da África fundam a Liga Árabe no Egito, reunindo forças contra o domínio colonial sobre Estados árabes da região. O nacionalismo árabe – pan-arabismo – torna-se uma força política sobretudo a partir da ascensão de Gamal Abdel Nasser ao poder no Egito, em 1952.   1945-1980 – Tito assume o poder na Iugoslávia transformando o país numa federação de seis repúblicas – Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Montenegro e Macedônia – com direitos iguais. Consciente da tradição hegemônica da Sérvia, garante autonomia para as províncias sérvias de Kosovo (de maioria albanesa) e Voivodina (com forte presença húngara). Instaura um regime comunista de partido único e resiste à tentativa soviética de transformar a Iugoslávia em Estado-satélite, como ocorreu com os demais países do Leste Europeu. Durante seu governo, consegue neutralizar as diferenças entre as nacionalidades iugoslavas com base nos ideais socialistas e de fraternidade entre os povos eslavos do sul.   1945-1946 – Os países vencedores da II Guerra Mundial instituem um Tribunal Militar Internacional na cidade de Nuremberg para julgar criminosos nazistas acusados de conspiração, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Os julgamentos começam no dia 20 de novembro, duram dez meses e ficam conhecidos como Os Tribunais de Nuremberg. Doze dos acusados são condenados à morte por enforcamento; três recebem prisão perpétua; quatro, prisão entre dez e 15 anos; e três são inocentados. As execuções ocorrem em 16 de outubro de 1946.  

Anos 40, Anos 50, Anos 60, Anos 90   Anos 40   1946 – Juan Domingo Perón é eleito presidente da Argentina. Implementa um programa social conhecido como "justicialismo", funda o Partido Peronista e proíbe as demais agremiações políticas. Durante seu governo populista recebe grande influência de sua mulher, Eva Duarte. É reeleito em 1951 e deposto pela Marinha quatro anos depois. Em 1973 volta à Argentina e elege-se para presidente pela terceira vez, tendo Isabelita, sua terceira mulher, como vice.   1947 – Interessado em ampliar a área de influência norte-americana no mundo, o presidente Harry Truman estabelece a Doutrina Truman. Com o objetivo básico de combater o avanço do comunismo, cria o Plano Marshall: maciço investimento financeiro que visa recuperar as economias da Europa Ocidental, devastadas pela guerra, e, dessa forma, consolidar as estruturas capitalistas no continente. Para fortalecer o poder do Executivo e reforçar os princípios da Doutrina Truman, os Estados Unidos aprovam a Lei de Segurança Nacional (National Security Act), que cria o Conselho de Segurança Nacional (CSN) e a Central de Inteligência (CIA). 1947 – Criação do Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (Kominform). Por meio dele, a União Soviética exerce o controle político sobre os partidos únicos que governam os países do Leste Europeu, com exceção da Iugoslávia. 1947 – Mahatma Gandhi lidera a independência da Índia em meio a violentos confrontos entre hindus e muçulmanos. Como resultado, é criado no mesmo ano um Estado muçulmano no norte do Subcontinente Indiano, o Paquistão. Seu território é formado pelo Paquistão Ocidental e pelo Paquistão Oriental (atual Bangladesh), regiões separadas por mais de 1,6 mil quilômetros. A região fronteiriça da Caxemira, de maioria muçulmana, é dividida em 1948 entre o domínio da Índia e do Paquistão.   1948 – No dia 10 de dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) adota a Declaração Universal dos Direitos do Homem, um texto de referência que estabelece os direitos naturais de todo ser humano, independentemente de nacionalidade, cor, sexo, orientação religiosa, política ou sexual. Não é uma lei, mas tem grande força moral e norteia boa parte das decisões tomadas pela comunidade internacional. 1948 – A política de segregação racial do apartheid (separação, em africâner) é oficializada na África do Sul com a chegada ao poder do Partido Nacional (NP).   1948-1949 - O Estado de Israel é fundado oficialmente em maio de 1948, após aprovação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do plano de partilha da Palestina entre árabes e judeus. Nações árabes do Oriente Médio atacam Israel para impedir sua criação, dando início ao primeiro conflito árabe-israelense, a chamada Guerra de Independência de Israel. A guerra termina em 1949 com a vitória de Israel, que amplia seu território além dos limites estabelecidos pela ONU. O Estado palestino desaparece do mapa – o Egito anexa a Faixa de Gaza e a Jordânia conquista e Cisjordânia.   1949-1991 - Após a II Guerra Mundial, Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) disputam a hegemonia planetária na Guerra Fria: intensa batalha econômica, diplomática e tecnológica pela conquista de zonas de influência no mundo, dividido em dois blocos, o capitalista (liderado pelos EUA) e o socialista (comandado pela URSS). Provoca uma corrida armamentista que se estende por décadas e coloca o mundo sob ameaça de uma guerra nuclear. O marco final da Guerra Fria é a dissolução da URSS, em 1991.   1949 – A divisão da Alemanha em República Federativa da Alemanha (RFA) (Alemanha Ocidental) e República Democrática da Alemanha (RDA) (Alemanha Oriental) sela o fechamento da cortina de ferro, expressão criada pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill ao falar sobre a cisão da Europa em duas áreas geopolíticas antagônicas. 1949 – Os países capitalistas ocidentais formam uma aliança militar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com o objetivo de conter a expansão militar e ideológica do bloco socialista. 1949 – Os principais grupos políticos chineses – nacionalista e comunista – intensificam uma guerra civil iniciada em 1927, provocando a Revolução Chinesa. O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-shek, não consegue resistir ao avanço dos guerrilheiros camponeses comandados pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Em 1º de outubro de 1949, Mao proclama a República Popular da China e reorganiza o país nos moldes comunistas, com a coletivização forçada das terras e o controle estatal da economia. Em 1958 adota o Grande Salto para a Frente, plano de desenvolvimento em tempo recorde, cujo fracasso o leva a ser afastado do poder pelo Partido Comunista.   Anos 50   1950 – O 14º dalai-lama, Tenzin Gyatso, é empossado como líder espiritual do Tibet. No mesmo ano, a China inicia a ocupação do Tibet. Em 1959, depois de uma fracassada rebelião nacionalista contra o governo chinês, o dalai-lama exila-se na Índia, onde permanece até hoje.   Década 50-70 – Quase todas as colônias africanas conquistam a independência. As reivindicações pelo direito à autodeterminação dos povos do continente ganha impulso após a II Guerra Mundial, com o aparecimento de movimentos nacionalistas como o Pan-Africanismo. Na Conferência de Bandung (1955), na Indonésia, e na primeira Conferência dos Povos da África (1958), em Gana, líderes asiáticos e africanos se unem na luta pela libertação do domínio europeu. Em toda a África, o processo de emancipação se dá de forma lenta e diferenciada. Algumas colônias desligam-se pacificamente de suas metrópoles, tais como a Mauritânia e a Líbia. Outras só alcançam a soberania por meio de conflitos, a exemplo da Argélia, a principal colônia de povoamento da França. A oposição dos imigrantes franceses (pieds-noirs) à independência acabou provocando uma das mais longas e cruéis guerras anticoloniais da história: matou 1 milhão de pessoas e se estendeu de 1954 a 1962. O nascimento de vários Estados africanos também é marcado por guerras civis, já que muitas das fronteiras políticas estabelecidas não obedeceram às divisões étnicas, religiosas e lingüísticas do povo africano. Mesmo após a independência, boa parte das nações da África mantém laços com as ex-metrópoles - por meio de programas de ajuda ao desenvolvimento - como forma de minorar os agudos problemas econômicos e sociais.   1950-1953 – O primeiro grande conflito da Guerra Fria é a Guerra da Coréia. Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) haviam estabelecido no final da II Guerra Mundial duas zonas de ocupação em solo coreano. Em 1948 foram criados dois Estados distintos: a Coréia do Norte (socialista) e a Coréia do Sul (capitalista). Na tentativa de unificar a península sob o regime comunista, tropas da Coréia do Norte invadem a Coréia do Sul em 1950, provocando a reação imediata dos EUA. A China entra na guerra ao lado dos norte-coreanos. As batalhas duram até 1953, quando é assinado um armistício estabelecendo uma zona divisória entre as duas Coréias.   1951 – O senador norte-americano Joseph McCarthy lança uma campanha de perseguição contra ativistas, militantes ou simpatizantes do comunismo, chamada de macarthismo. A perseguição atinge cerca de 6 milhões de norte-americanos do meio artístico, intelectual e sindical.   1953 – Primeira rebelião contra o poder soviético nos países do Leste Europeu eclode em Berlim Oriental, na República Democrática da Alemanha (RDA). É sufocada por tropas enviadas pela União Soviética.   1953 – 1973 – Após a independência, o Laos mergulha em uma guerra civil entre as forças do príncipe pró-Ocidente Souvanna Phouma e os seguidores do príncipe pró-comunista Souphanouvong, líder do Partido Comunista (Pathet Lao). Em 1964, os Estados Unidos iniciam o bombardeio das regiões controladas pelo Pathet Lao. Em 1973, um acordo põe fim à guerra e deixa um saldo de 35 mil mortos.   1954 – Os Acordos de Genebra encerram a Guerra da Indochina e determinam a partilha da Indochina em quatro Estados independentes: Laos, Camboja, Vietnã do Norte, com capital em Hanói, e Vietnã do Sul, com capital em Saigon. Diversos movimentos nacionalistas contra o domínio francês surgem na península indochinesa nas primeiras décadas do século XX. Entre eles está o Vietminh, grupo que proclama a República Democrática do Vietnã na região de Tonkin em 1945. A França reage enviando tropas, mas é derrotada na Batalha de Dien Bien Phu, ocorrida entre novembro de 1953 e maio de 1954.   1955 – Países do Leste Europeu firmam na Polônia uma aliança militar, o Pacto de Varsóvia, que estabelece o compromisso de ajuda mútua em caso de agressão armada de outras nações. Extinto em 1991, o Pacto de Varsóvia foi o principal instrumento da hegemonia militar da União Soviética, opondo-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reúne o bloco capitalista. 1955 – Líderes de 24 Estados africanos e asiáticos se reúnem na Conferência de Bandung, na Indonésia, e firmam a política de não-alinhamento a nenhuma das duas superpotências (Estados Unidos e União Soviética). A fundação do Movimento dos Não-Alinhados, na Iugoslávia, em 1961, consolida os princípios de Bandung sob a liderança de Gamal Abdel Nasser (Egito), Jawaharlal Nehru (Índia), Josip Broz Tito (Iugoslávia) e Sukarno (Indonésia).   1956 – Tropas soviéticas bombardeiam a Hungria e depõem o governo liberal de Imre Nagy, conduzido ao poder com o apoio de estudantes e trabalhadores. Defensor da política de não-alinhamento a Moscou, Nagy retira a Hungria do Pacto de Varsóvia durante seu governo. É preso e executado dois anos depois. 1956 – Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito, nacionaliza o Canal de Suez e impede a passagem de navios israelenses, provocando um conflito internacional. Com o apoio da França e do Reino Unido, o Exército israelense derrota o Egito e conquista a Zona do Canal e a península do Sinai. Sob pressão dos Estados Unidos e da União Soviética, Israel termina devolvendo os territórios ocupados ao Egito, que assume a obrigação de manter o canal aberto à navegação internacional. 1956 – Nikita Kruchóv, dirigente da União Soviética (URSS) entre 1953 e 1964, denuncia no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS (PCUS), os abusos e crimes cometidos por Stálin. O discurso tem grande impacto e provoca dissidências. O PC chinês começa a afastar-se da influência soviética.   1957 – França, Itália, República Federal da Alemanha, Bélgica, Holanda (Países Baixos) e Luxemburgo assinam o Tratado de Roma, formando a Comunidade Econômica Européia, atual União Européia (UE).   1959 – Descontentes com a ditadura de Fulgêncio Batista, setores da oposição liderados por Fidel Castro organizam a Revolução Cubana. A luta contra o Exército cubano começa em dezembro de 1956 e ganha apoio popular. Em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários tomam Havana, e Batista foge do país. Sob o comando de Fidel, Cuba transforma-se na única nação socialista do continente americano, alinhando-se à esfera de influência da União Soviética, no início da década de 60. O novo regime entra em choque com os interesses dos Estados Unidos, que rompe relações diplomáticas com a ilha e decreta um embargo comercial vigente até hoje. Cuba também é expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA). 1959 – O governo da África do Sul aprova o Bantu Self Government Act, que cria reservas territoriais negras de base tribal (homelands), conhecidas como bantustões. Estes deveriam tornar-se nações negras autônomas. Chegaram a obter a independência os bantustões de Transkei (1976), Bofutatsuana (1977), Venda (1979) e Ciskei (1981), porém sem reconhecimento internacional. 1959 – Durante a ditadura de Francisco Franco é criado o movimento separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade) para lutar pela independência do País Basco. O grupo limita-se a promover a difusão da cultura basca até 1966, quando se lança à luta armada. Desde então, violentos atentados terroristas, dentro e fora das províncias bascas, abalam a Espanha.   1959-1976 – O Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos (EUA), e o Vietnã do Norte, comunista, confrontam-se na Guerra do Vietnã. O conflito tem início com a tentativa da guerrilha comunista do sul (Vietcongue) e das tropas do norte de derrubar o regime pró-Ocidente do Vietnã do Sul e reunificar o país. O auxílio dos EUA aos anticomunistas começa em 1961 e se amplia até a completa intervenção militar, a partir de 1965. A guerra termina em 1976, após a retirada norte-americana. Os comunistas tomam Saigon (capital do Vietnã do Sul) e reunificam o país. A guerra é a maior derrota militar da história dos EUA: o país perde mais de 45 mil soldados, tem 800 mil feridos e quase 2 mil soldados desaparecidos em ação. Não há dados seguros sobre as baixas vietnamitas, mas acredita-se que ultrapassem 180 mil.   Anos 60   1961 – Começa a construção do Muro de Berlim, símbolo da divisão da Europa e do mundo em blocos geopolíticos antagônicos durante a Guerra Fria. O objetivo é impedir a passagem de alemães da porção oriental para a ocidental: até 1961, cerca de 2,7 milhões haviam fugido de lá.   1962 – O presidente norte-americano John Kennedy decreta bloqueio naval a Cuba para forçar a retirada de mísseis nucleares soviéticos instalados na ilha. O episódio fica conhecido como crise dos mísseis. O governo norte-americano arrisca-se a um impasse que poderia ter conduzido a uma guerra nuclear.   1963 – O presidente norte-americano John Kennedy é assassinado no dia 22 de novembro em Dallas, Texas. O presidente fazia um desfile em carro aberto e recebeu tiros supostamente disparados por Lee Oswald.   1964 – O movimento pela criação de um Estado árabe na Palestina se consolida a partir da fundação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), durante a Conferência de Cúpula Árabe de Alexandria, no Egito. A partir de 1969, a OLP é presidida por Yasser Arafat. O líder palestino obtém progressos nas relações com Israel desde que abandona a luta armada, nos anos 80, e parte para a via diplomática. 1964 – Golpe militar no Brasil derruba o governo do presidente João Goulart e dá início ao Regime Militar, que se mantém até 1985. Entre os anos 60 e os anos 80, as ditaduras militares predominam nos países da América Latina com o apoio dos Estados Unidos, interessado em barrar o avanço do comunismo no Cone Sul. Os regimes militares suprimem a liberdade democrática, promovem a extinção dos partidos políticos e a restrição dos poderes Legislativo e Judiciário. Os adversários (sobretudo comunistas) são perseguidos e punidos com assassinatos, torturas e deportações, práticas que marcam as ditaduras do Brasil, da Argentina, do Chile e do Uruguai. A crise econômica, a violação aos Direitos Humanos – que passa a ser condenada pelos norte-americanos a partir do governo Jimmy Carter (1976-1980) – e a reprovação popular acabam pondo fim aos regimes militares.   1966 – Mao Tsé-tung busca apoio das massas populares para se manter no comando do Partido Comunista chinês – abalado por lutas internas - e institui a Grande Revolução Cultural Proletária, rígida política de doutrinação ideológica da população. A Guarda Vermelha, formada por jovens militantes, passa a perseguir todos aqueles que se tenham desviado dos "preceitos revolucionários", como dirigentes do partido e intelectuais. Em 1969, três anos após o início da Revolução Cultural, Mao consegue reafirmar seu poder, mantendo seus adversários sob controle.   1967 – Em 5 de junho de 1967, Israel lança um ataque-surpresa contra os aeroportos militares do Egito, da Síria e da Jordânia, arrasando suas Forças Aéreas ainda no solo. Em apenas seis dias - daí o nome Guerra dos Seis Dias - Israel derrota os três países e conquista amplas fatias de seus territórios: Faixa de Gaza e península do Sinai (Egito); Cisjordânia e Jerusalém Oriental (Jordânia); e as colinas de Golã (Síria). As alegações israelenses para o ataque foram a intensificação do terrorismo palestino no país e um novo bloqueio do golfo de Ácaba pelo Egito. Israel rejeita resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) de devolução dos territórios.   1967-1970 – A divergência cultural entre nômades e hauçás muçulmanos ao norte – no governo e apoiados pelo Reino Unido -, e ibos e iorubas cristãos a leste e a oeste, respectivamente, causa a Guerra da Biafra, na Nigéria. Ela é deflagrada quando, com o apoio da França e de Portugal, os ibos proclamam a República de Biafra, como resposta aos massacres sofridos. Ajudado pelo Reino Unido e pela União Soviética, o poder central acaba dominando os rebeldes três anos depois. A guerra deixa o saldo de 1 milhão de mortos.   1968 – Estudantes e operários de Paris realizam manifestações no período conhecido como Maio de 68. Insatisfeitos com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura acadêmica conservadora, os estudantes organizam protestos que levam à ocupação da Universidade de Nanterre, em 23 de março. Também reagem ao desgaste provocado pela guerra de independência da Argélia. Influenciados pelos estudantes, operários de Paris ocupam fábricas e organizam passeatas e greves. Em 6 de maio ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia. A situação é controlada no final de maio, com violenta repressão: são mais de 1,5 mil feridos. Os eventos em Paris fazem parte de um movimento maior de contestação que ocorre em vários países do Ocidente, como Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda (Países Baixos), Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polônia, México, Argentina e Chile. 1968 – Tropas do Pacto de Varsóvia invadem a Tchecoslováquia para reprimir os movimentos pró-democracia, no episódio chamado de Primavera de Praga. Ao assumir a chefia do Partido Comunista tcheco, Alexander Dubcek inicia reformas políticas liberais e estimula a parceria econômica com os países capitalistas do Ocidente. Recebe o apoio de estudantes, intelectuais e trabalhadores que, influenciados pelos acontecimentos de Maio de 68 em Paris, realizam manifestações nas ruas de Praga em nome do "socialismo com face humana". Dubcek rompe com o governo de Moscou e o exemplo tcheco logo se transforma em ameaça à unidade do bloco comunista. O líder soviético, Leonid Bréjnev, ordena a invasão militar do país e Dubcek é destituído.   1970 – Reagindo ao crescente poder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) na Jordânia – onde estava a sede da organização - o rei Hussein ordena o massacre dos milicianos palestinos. Após o episódio, chamado de Setembro Negro, a OLP transfere sua base de operações para Beirute, no Líbano. 1970 – Como parte da estratégia de ampliar a influência capitalista no Sudeste Asiático, os Estados Unidos (EUA) incentivam um golpe de Estado no Camboja. É o início da Guerra do Camboja. O envio de tropas norte-americanas para a região mobiliza uma frente de resistência, que une defensores da monarquia constitucional deposta e comunistas do grupo Khmer Vermelho. Os EUA se retiram após assinatura de tratado de paz em 1973, mas deixam o conflito instalado. O Khmer Vermelho assume o governo e aproxima sua política externa da China, criando uma rivalidade com o Vietnã, aliado da União Soviética. Em 1978, os vietnamitas invadem o Camboja e instalam no poder um grupo aliado. O governo pró-Vietnã fica isolado internacionalmente até se retirar, em 1989, sem um acordo de paz.   1971 – Movimentos separatistas no Paquistão Oriental deflagram a Guerra do Paquistão. O xeque Mujibur Rahman proclama a independência do Paquistão Oriental com o nome de Bangladesh. O Paquistão reage com violência, mas é obrigado a recuar diante da intervenção militar da Índia a favor de Bangladesh. Quase 10 milhões de bengalis se refugiam na Índia e mais de 3 milhões morrem no conflito.   1972 – Paramilitares britânicos abrem fogo contra uma marcha católica por direitos civis em Londonderry, na Irlanda do Norte, matando 14 pessoas. O episódio fica conhecido como Domingo Sangrento. Os manifestantes protestavam contra o Internamento – detenção de ativistas irlandeses sem acusação ou julgamento.   1973 – No feriado judaico do Yom Kipur (Dia do Perdão), Síria e Egito atacam as posições israelenses no deserto do Sinai e nas colinas de Golã, iniciando a Guerra do Yom Kipur. A ofensiva é uma tentativa árabe de recuperar as áreas perdidas para Israel na Guerra dos Seis Dias e responder aos bombardeios israelenses na Síria e no Líbano contra bases militares da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A guerra dura 19 dias, não provoca alterações territoriais e chega ao fim com a intervenção das potências mundiais. 1973 – Donos de dois terços das reservas de petróleo do mundo, países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) embargam o fornecimento de petróleo aos EUA e às potências européias, provocando a crise do petróleo. A decisão é tomada em represália ao consentimento norte-americano e da Europa Ocidental à ocupação israelense de territórios árabes. Após o embargo, a Opep estabelece cotas de produção e quadruplica os preços. Essas medidas provocam severa recessão nos Estados Unidos e na Europa, abalando a economia mundial. 1973 – Com o apoio dos Estados Unidos, as Forças Armadas dão um golpe de Estado no Chile, colocando no poder o general Augusto Pinochet. O golpe derruba o governo de esquerda de Salvador Allende, democraticamente eleito. A transição para a democracia começa em 1988, com a derrota de Pinochet em um plebiscito sobre sua permanência no poder. No ano seguinte é eleito para presidente o democrata-cristão Patricio Aylwin.   1974 – Envolvido no escândalo Watergate, Richard Nixon torna-se o primeiro presidente norte-americano a renunciar ao mandato. O caso tem início durante a campanha eleitoral de 1972, quando a sede do Partido Democrata no prédio Watergate, em Washington, é invadida e tem os telefones grampeados. As investigações levantam provas contra Nixon, que renuncia para não sofrer o impeachment aprovado pela Comissão Judicial do Senado. 1974 – A crise econômica e as guerras nas colônias africanas enfraquecem o governo totalitário português e dão início à Revolução dos Cravos, que provoca a redemocratização do país. Os partidos políticos são legalizados e a polícia política de Salazar é extinta.   1975 – A Indonésia invade a ex-colônia portuguesa de Timor Leste e, no ano seguinte, anexa o território como sua 27ª província. Desde então, a guerrilha separatista Frente Revolucionária de Timor Leste Independente (Fretilin) luta pela independência da região em acirrados combates contra as forças de ocupação, que já mataram 200 mil timorenses. Após a queda do ditador Suharto, em 1998, surgem perspectivas de solução para o conflito. O novo governo indonésio abre negociações com os timorenses e concorda em realizar um plebiscito na região, sob mediação da ONU (Organização das Nações Unidas), previsto para agosto de 1999. 1975 – O governo de Marrocos anexa o Saara Ocidental. Cerca de 300 mil marroquinos desarmados cruzam a fronteira, no episódio conhecido como Marcha Verde.   1975-1990 – A presença da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) no Líbano abala a frágil convivência dos grupos locais - cristãos maronitas e muçulmanos – dando início a uma guerra civil que se estende até 1990. Mesmo após o término do conflito, a situação política libanesa é de extrema instabilidade. Por motivos de segurança, o Exército de Israel ocupa uma fatia do sul do Líbano para combater as atividades do Hezbollah. A milícia xiita assumiu o vazio deixado pela OLP – expulsa do Líbano em 1982 – e passou a promover ataques constantes contra o norte de Israel. 1975 – A disputa pelo poder entre diferentes movimentos de libertação, após a independência de Portugal, deflagra a guerra civil em Angola. As facções recebem apoio estrangeiro – a MPLA da União Soviética e a Unita dos Estados Unidos – e transformam o país em cenário da Guerra Fria. Em novembro de 1994, os dois grupos assinam um acordo de paz em Lusaka, em Zâmbia, mas os combates recomeçam com intensidade em 1998.   1976-1983 – Durante o regime militar na Argentina, iniciado pelo general Jorge Rafael Videla, é registrado o desaparecimento de mais de 10 mil oposicionistas. O período fica conhecido como guerra suja. Em 1983 descobre-se a existência de campos de prisioneiros, nos quais 8.961 pessoas foram mortas.   1978-1979 – Egito e Israel assinam os acordos de paz de Camp David, sob mediação dos Estados Unidos. O Egito recupera a península do Sinai (de forma gradativa, até 1982) e torna-se o primeiro país árabe a reconhecer a existência de Israel.   1979 – Descontente com o governo pró-Ocidente do xá Reza Pahlevi, a maioria xiita do Irã inicia a Revolução Islâmica. Setores da esquerda e liberais se unem aos muçulmanos tradicionalistas, comandados pelo aiatolá Khomeini, líder religioso exilado na França. O governo não controla a insurreição e, em janeiro de 1979, o xá foge do país. Com o apoio dos militares, Khomeini regressa a Teerã em 1º de fevereiro e proclama a República Islâmica do Irã, da qual é chefe religioso e político. Khomeini persegue intelectuais, comunidades religiosas rivais, partidos políticos e todos os que se opõem à união entre Estado e religião. Obriga as mulheres a usar o chador, ou véu sobre o rosto, proíbe músicas ocidentais e bebidas alcoólicas. 1979 – A vitória de guerrilheiros esquerdistas da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) sobre a Guarda Nacional do governo de Somoza principia a Revolução Sandinista na Nicarágua. A revolução estimula a ação de outros grupos guerrilheiros da América Latina para se constituir como frentes político-militares. A FSLN mantém-se no poder até 1990, quando é derrotada na eleição presidencial.   1979-1989 – A União Soviética promove uma fracassada intervenção militar no Afeganistão para garantir sua influência no país, iniciada em 1973 com a proclamação da República por Daud Khan, simpático ao regime soviético. Apesar de seu poderio, as forças soviéticas não conseguem vencer os grupos guerrilheiros islâmicos (mujahedin), apoiados por Estados Unidos, Irã e Paquistão.   1980 – O governo da Polônia reconhece a central sindical livre, o Solidariedade. Liderado por Lech Walesa, o sindicato se estrutura rapidamente entre os trabalhadores dos estaleiros do mar Báltico e elabora projetos políticos independentes de Moscou. No ano seguinte, o general Wojciech Jaruzelski assume o poder na Polônia com o apoio do poder central soviético e coloca o Solidariedade na ilegalidade, prendendo quase todos os dirigentes.   1980-1988 – Litígios fronteiriços no canal de Chatt-el-Arab levam o ditador iraquiano Saddam Hussein a declarar guerra ao Irã. Saddam também tinha como objetivo conter o avanço da Revolução Islâmica iraniana para o Iraque e outras nações do Oriente Médio. A Guerra Irã-Iraque termina sem vencedores, com o esgotamento econômico e militar dos inimigos e um saldo de 1 milhão de mortos.   1982 – Argentina e Reino Unido disputam o controle das ilhas Malvinas, Geórgia e Sandwich do Sul na Guerra das Malvinas. A Argentina dá início ao conflito em 2 de abril, ao ocupar militarmente as ilhas - situadas a 400 quilômetros da costa argentina e sob domínio britânico. Três dias depois, o governo britânico mobiliza a Marinha e a Força Aérea e obtém apoio diplomático e militar dos EUA. As tropas argentinas rendem-se em 14 de junho. A invasão foi vista como uma tentativa do general Leopoldo Galtieri de unir a nação em torno de uma causa externa e desviar a atenção da crise econômica e política do país. Mas o fiasco militar na guerra precipitou a queda do regime militar na Argentina. O país reivindica os direitos sobre a ilha até 1990, quando as duas nações reatam relações diplomáticas.   1984 – Extremistas sikhs ordenam o assassinato de Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, em represália à invasão do Templo Dourado de Amritsar. Os sikhs, grupo étnico do estado de Punjab, lutam pela independência e criação de um Estado na região desde os anos 70.   1985 – Mikhail Gorbatchov assume o poder na URSS e lança no ano seguinte a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura e transparência política), reformas que desencadeiam a queda do comunismo no Leste Europeu e a dissolução da União Soviética.   1986 – Assessores diretos do presidente norte-americano Ronald Reagan são ligados ao escândalo Irã-Contras, envolvendo a venda secreta de armas para o Irã e destinando os lucros à subvenção da guerrilha contra-revolucionária na Nicarágua. 1986 – A explosão de um reator atômico em Chernobyl, na Ucrânia, provoca o mais grave acidente nuclear da história. Morrem 30 pessoas, 135 mil são obrigadas a abandonar a região e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 5 milhões contraem câncer.   1987 – Palestinos deflagram a Intifada (Rebelião das Pedras) nos territórios ocupados por Israel (Faixa de Gaza e Cisjordânia). A violenta repressão das forças de segurança israelense ao movimento desgasta a imagem de Israel e mobiliza a opinião pública mundial a favor da causa palestina.   1989 – Deng Xiaoping manda reprimir com violência os protestos pró-democracia na praça da Paz Celestial, em Pequim, no dia 4 de junho. Desde abril a praça vinha sendo palco quase diário para o protesto de milhares de estudantes contra a corrupção e o autoritarismo. Estima-se entre 2 mil e 5 mil o número de mortos no massacre. O governo chinês prende vários manifestantes, mas negociações com o governo norte-americano levam à libertação de alguns deles. Em 1997, o mais conhecido dissidente chinês, Wei Jingxeng, é solto e exila-se nos Estados Unidos. Em 1998, é a vez de Wang Dan, um dos líderes das manifestações. A repressão, porém, continua: em 1998, Wang Bingzhang, opositor que retorna clandestinamente à China, é preso e deportado. O dissidente de maior destaque ainda em liberdade, Xu Wenli, também é preso no mesmo ano. 1989 – O presidente norte-americano George Bush ordena a invasão do Panamá. A operação militar, chamada de Causa Justa, depõe e prende o general Manuel Noriega, acusado de manter relações com o tráfico colombiano. 1989 – Símbolo do término dos regimes comunistas no Leste Europeu, a queda do dá início ao processo de reunificação da Alemanha, concluído em 1990. Comandada pelo chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, o processo se divide em duas fases: a unificação monetária (julho) e a unificação política (outubro). A reunificação agrava os problemas econômicos do país: provoca o aumento dos gastos da parte ocidental, que conduz ao desemprego, e a diminuição das garantias sociais no lado oriental, obrigado a se adequar ao sistema capitalista.   Anos 90   1990-1991 – O presidente do Iraque, Saddam Hussein, ordena a invasão do Kuweit em 2 de agosto de 1990 deflagrando a Guerra do Golfo. O líder iraquiano responsabiliza o Kuweit pela baixa no preço do petróleo no mercado externo – o país estaria vendendo mais barris do que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Também acusa o Kuweit de extrair petróleo iraquiano na região fronteiriça de Rumaila e exige o perdão da dívida iraquiana contraída com o Kuweit na guerra com o Irã. Em 6 de agosto, a ONU (Organização das Nações Unidas) impõe um boicote econômico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do Kuweit como sua 19ª província, aumentando a pressão norte-americana pela intervenção armada. Com o fracasso das tentativas de solução diplomática, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá em 16 de janeiro de 1991. O Iraque se rende em 27 de fevereiro. O número estimado de mortos durante a guerra é de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuweitianos e 510 homens da coalizão.   1991 – Tratado de Maastricht é assinado na Holanda (Países Baixos) com o objetivo de acelerar o processo de integração econômica e monetária dos países da Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia (UE). Prevê a formação de um mercado interno único e um sistema financeiro comum, com moeda própria – o euro –, adotado em 1999. O trat

Anos 90   1990-1991 – O presidente do Iraque, Saddam Hussein, ordena a invasão do Kuweit em 2 de agosto de 1990 deflagrando a Guerra do Golfo. O líder iraquiano responsabiliza o Kuweit pela baixa no preço do petróleo no mercado externo – o país estaria vendendo mais barris do que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Também acusa o Kuweit de extrair petróleo iraquiano na região fronteiriça de Rumaila e exige o perdão da dívida iraquiana contraída com o Kuweit na guerra com o Irã. Em 6 de agosto, a ONU (Organização das Nações Unidas) impõe um boicote econômico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do Kuweit como sua 19ª província, aumentando a pressão norte-americana pela intervenção armada. Com o fracasso das tentativas de solução diplomática, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá em 16 de janeiro de 1991. O Iraque se rende em 27 de fevereiro. O número estimado de mortos durante a guerra é de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuweitianos e 510 homens da coalizão.   1991 – Tratado de Maastricht é assinado na Holanda (Países Baixos) com o objetivo de acelerar o processo de integração econômica e monetária dos países da Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia (UE). Prevê a formação de um mercado interno único e um sistema financeiro comum, com moeda própria – o euro –, adotado em 1999. O tratado também lança as bases de uma política externa e de defesa européias. Após sua assinatura, é submetido à aprovação popular nos países-membros do bloco. 1991 – Reformas políticas e econômicas de Gorbatchov provocam a dissolução da União Soviética. Em seu lugar, forma-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma confederação de Estados soberanos unida por laços econômicos e militares. A CEI recebe a adesão de 12 das 15 ex-repúblicas federadas soviéticas. A principal delas, a Federação Russa, passa a ser presidida por Boris Yeltsin.   1992 – Quase 70% dos eleitores da África do Sul aprovam em plebiscito o fim do apartheid. O regime de segregação racial – enfraquecido por sanções econômicas internacionais – termina oficialmente com a primeira eleição multirracial do país, realizada em 1994. Nelson Mandela, o principal líder da resistência negra, é escolhido para a Presidência.   1992-1995 – A república da Bósnia-Herzegóvina é palco do mais violento conflito de desintegração da Iugoslávia, a Guerra da Bósnia. Com o fim do comunismo e a morte de Tito, reacendem-se as diferenças étnicas, culturais e religiosas entre as seis repúblicas iugoslavas, impulsionando movimentos pela independência. Na Bósnia, a emancipação é aprovada em plebiscito por croatas (católicos) e bósnio-muçulmanos. Mas a recusa da minoria sérvia (cristã ortodoxa) em acatar a decisão provoca a guerra, marcada pela disputa de territórios. Nas áreas ocupadas, os dois lados em conflito (muçulmano-croatas e sérvios), sobretudo os sérvios, fazem a chamada limpeza étnica: expulsão e massacre dos grupos rivais. A guerra termina em 1995 com um saldo de 200 mil mortos. O acordo de paz – Dayton – divide o território da Bósnia em duas entidades semi-autônomas, a federação muçulmano-croata e a República Sérvia.   1993 – Depois da derrubada pacífica do regime comunista em 1989, conhecida como Revolução de Veludo, tchecos e eslovacos promovem a divisão da Tchecoslováquia em República Tcheca e Eslováquia. 1993 – Israel e OLP assinam em Washington o histórico acordo de paz de Oslo – recebe esse nome por ser fruto de negociações secretas ocorridas na capital norueguesa. Pela primeira vez desde a criação de Israel, os dois lados se reconhecem mutuamente e lançam as bases para a possível solução da Questão Palestina. No ano seguinte, os palestinos conquistam autonomia plena na maioria da Faixa de Gaza e na cidade de Jericó, na Cisjordânia – no chamado acordo de Oslo I.   1994 – Um grupo de camponeses indígenas reunido no Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) inicia uma rebelião armada em Chiapas, o estado mais pobre do México. 1994 – Os Estados Unidos (EUA) realizam uma intervenção militar no Haiti com permissão da ONU (Organização das Nações Unidas). O país sofrera um golpe de Estado do general Raoul Cédras, e o crescimento do êxodo de refugiados para os EUA aumentara as pressões de Washington pela volta do presidente Jean-Bertrand Aristide. 1994 – Guerra civil entre tutsis e hutus deixa aproximadamente 1 milhão de mortos na Região dos Grandes Lagos africanos. O genocídio atinge sobretudo Ruanda e em menor intensidade o Burundi. 1994 – Governo do México desvaloriza a moeda, na primeira crise financeira expressiva dos anos 90. Numa reação em cadeia, chamada de "efeito tequila", caem também os preços das ações dos chamados "países emergentes", entre eles Argentina e Brasil. Para evitar uma crise de maior alcance, os Estados Unidos aprovam um pacote de ajuda de 47,75 bilhões de dólares em janeiro de 1995.   1994-1996 – Trinta mil pessoas morrem durante a intervenção militar russa na Chechênia, pequena república do Cáucaso que se declarara independente em 1991. Acordo acertado em 1997 prorroga para 2001 a definição de seu status político.   1995 – Israel e a OLP avançam nas negociações de paz e assinam em setembro, em Washington, o acordo de Oslo II, que prevê a extensão do controle palestino na Cisjordânia. 1995 – O primeiro-ministro trabalhista de Israel, Yitzhak Rabin, é assassinado em Telaviv, na saída de um grande comício pela paz. O autor do atentado é Yigal Amir, jovem extremista judeu contrário à entrega de territórios aos palestinos. Yigal é condenado à prisão perpétua em março de 1996   1997 – Rebeldes liderados pelo guerrilheiro Laurent Kabila entram em Kinshasa, capital do Zaire, sob aplauso da população, encerrando a ditadura de Mobutu Sese Seko, no poder desde 1965. O país passa a chamar-se República Democrática do Congo. 1997 – Hong Kong volta à soberania da China em 1º de julho, pondo fim a 156 anos de colonialismo britânico. 1997 – Crise financeira abala a Ásia e se propaga para os demais mercados do mundo numa velocidade jamais vista – o chamado efeito dominó. As turbulências na região evoluem para uma crise internacional em 1998, um ano marcado pela desconfiança generalizada dos investidores, por quedas contínuas nas bolsas de valores de todo o mundo, pela fuga de capitais e por desvalorizações cambiais. No centro da crise estão as economias do Japão, da Federação Russa e do Brasil. 1997 – Com a vitória dos trabalhistas nas eleições de maio, Tony Blair torna-se primeiro-ministro do Reino Unido, pondo fim a 18 anos de governo conservador.   1998 - Estados Unidos e Reino Unido lançam a maior ofensiva militar contra o Iraque desde a Guerra do Golfo, a operação Raposa do Deserto. A decisão é tomada após nova crise envolvendo o ditador Saddam Hussein e a Comissão Especial das Nações Unidas (Unscom), encarregada de monitorar a destruição do arsenal iraquiano de armas de destruição em massa – principal condição para a suspensão do embargo econômico ao país. Durante as 70 horas de ofensiva – 16 a 19 de dezembro – a moderna máquina de guerra mobilizada no golfo Pérsico destrói instalações militares e alvos civis. 1998 – A milícia fundamentalista Taliban conquista em agosto cidades do norte do Afeganistão e consolida seu domínio sobre 90% do território do país. Desde setembro de 1996 o Taliban controla a capital, Cabul. O grupo é financiado pelo Paquistão e pertence ao ramo sunita do islamismo. 1998 – Representantes católicos e protestantes da Irlanda assinam em Belfast, em abril, o acordo de paz para a Irlanda do Norte, mostrando disposição em colocar fim ao mais violento conflito da Europa Ocidental do pós-guerra. 1998 – Suharto, ditador da Indonésia desde 1968, renuncia ao poder em meio à grave crise econômica e forte pressão dos Estados Unidos. Transmite seu cargo ao vice Bacharuddin Habibie, em maio. 1998 – Em outubro, Peru e Equador assinam em Brasília um acordo de paz que põe fim ao antigo conflito de fronteira entre os dois países. 1998 – O ex-ditador chileno Augusto Pinochet torna-se o centro de uma batalha jurídica internacional ao ser preso de forma inesperada em Londres, Reino Unido, em outubro. A ordem de detenção parte do juiz espanhol Baltasar Garzón, que requer sua extradição para Madri, onde deveria responder a um processo por crimes contra a humanidade. 1998 – Helmut Kohl, chanceler da Alemanha desde 1982, é derrotado nas eleições de setembro por Gerhard Schroeder, do Partido Social-Democrata (SPD). O programa de governo de Schroeder, intitulado Novo Centro mescla bandeiras da esquerda e da direita. 1998 – O ex-militar Hugo Chávez é eleito presidente da Venezuela em dezembro, com a promessa de sanar a grave crise econômica e acabar com a corrupção no país. 1998 – Israel e a OLP retomam o processo de paz, interrompido há mais de um ano, e acertam nova retirada israelense na Cisjordânia. O acordo é assinado após rodadas de negociações em Wye Plantation, Estados Unidos, que contam com o envolvimento direto do presidente norte-americano, Bill Clinton. Até setembro de 1999, Israel havia cumprido apenas a primeira etapa da retirada. 1998 – Índia e Paquistão realizam uma série de testes nucleares subterrâneos reprovados com veemência pela comunidade internacional. Com as explosões – cinco da Índia e seis do Paquistão –, os dois países passam a integrar o grupo das potências nucleares declaradas do mundo.

 

 

 

 

 

ABSOLUTISMO

Sistema de governo no qual o poder é concentrado nas mãos do monarca, característico dos regimes da maioria dos Estados europeus entre os séculos XVII e XVIII. Os reis controlam a administração do Estado, formam exércitos permanentes, dominam a padronização monetária e fiscal, procuram estabelecer as fronteiras de seus países e intervêm na economia nacional por meio de políticas mercantilistas e coloniais. Também criam uma organização judiciária nacional, a justiça real, que se sobrepõe ao fragmentado sistema feudal.   A centralização do poder desenvolve-se a partir da crise do feudalismo. Com o crescimento comercial, a burguesia tem interesse em disputar o domínio político com os nobres e apóia a concentração do poder. A Reforma Protestante do século XVI também colabora para o fortalecimento da autoridade monárquica, pois enfraquece o poder papal e coloca as igrejas nacionais sob o controle do soberano. Com a evolução das leis, com base no estudo do direito romano, surgem teorias que justificam o absolutismo, como as de Nicolau Maquiavel (1469-1527), Jean Bodin (1530-1595), Jacques Bossuet (1627-1704) e Thomas Hobbes (1588-1679).   O Estado absolutista típico é a França de Luís XIV (1638-1715). Conhecido como o Rei Sol, a ele é atribuída a frase que se torna o emblema do poder absoluto: "O Estado sou eu". Luís XIV atrai a nobreza para o Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde vive em clima de luxo inédito na história do Ocidente. Na Inglaterra, no início do século XVI, Henrique VIII, segundo rei da dinastia Tudor, consegue impor sua autoridade aos nobres com o apoio da burguesia e assume também o poder religioso. O processo de centralização completa-se no reinado de sua filha Elizabeth I. No século XVIII surge o despotismo esclarecido, uma nova maneira de justificar o fortalecimento do poder real, apoiada pelos filósofos iluministas.   O processo de extinção do absolutismo na Europa começa na Inglaterra com a Revolução Gloriosa (1688), que limita a autoridade real com a Declaração de Direitos (Constituição), assinalando a ascensão da burguesia ao controle do Estado. Na França, o absolutismo termina com a Revolução Francesa (1789). Nos outros países europeus, ele vai sendo derrotado com as Revoluções Liberais do século XIX. 

  CAPTALISMO

Século XX   Sistema econômico e social que se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho livre assalariado e pela acumulação de capital. Consiste também na racionalização dos meios de produção e na exploração de oportunidades de mercado para obter lucro.   Na Europa, essas características aparecem desde a Baixa Idade Média, do século XI ao século XV, com a transferência do centro da vida econômica, social e política dos feudos para as cidades. Nas regiões mais desenvolvidas, como Itália e Flandres, já havia bancos, letras de câmbio, intensa atividade de comércio e divisão de trabalho – cada trabalhador executava apenas uma parte da produção. Na Idade Moderna, do século XV ao século XVIII, os reis absolutistas expandem o comércio por meio do mercantilismo. O Estado controla a economia e busca colônias para incentivar o enriquecimento das metrópoles. Esse enriquecimento favorece a burguesia, que passa a contestar o poder dos reis, resultando na crise do sistema absolutista.   A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia industrial assume o controle econômico e político. As sociedades passam a rejeitar os tradicionais privilégios da aristocracia – baseados na distinção pelo nascimento –, e a força do capital se impõe. Surgem as primeiras teorias econômicas, a fisiocracia, o marxismo e o liberalismo, que defende a não interferência do Estado na economia.   A livre concorrência entre as empresas é uma das principais características do início do capitalismo. A busca de ampliação de mercados, com a expansão dos negócios por todas as regiões do planeta, leva a um enorme desenvolvimento das forças produtivas. A partir do final do século XIX, ganham importância os monopólios e cartéis – associações de grandes empresas que dividem o mercado entre si, eliminando concorrentes menores.   Século XX – Após a crise econômica de 1929, o Estado passa a interferir nas atividades econômicas em muitos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Franklin Roosevelt implementa, em 1933, o New Deal (Novo Acordo), um programa econômico e social que introduz, entre outros benefícios, o subsídio ao desemprego e projetos de obras públicas. Roosevelt é fortemente influenciado pelas idéias do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946), que defende uma política antidesemprego patrocinada pelo governo. Seguindo o modelo norte-americano e as idéias keynesianas, países como Inglaterra, França e Alemanha criam o estado do bem-estar social (welfare state), um sistema que garante aos cidadãos saúde, educação e aposentadoria. A partir da década de 60, o neoliberalismo preconiza a atuação mínima do Estado no campo social (previdência, saúde e educação) e a não interferência nos processos econômicos. Nos anos 80 e 90, muitos países neoliberais põem fim ao sistema estatal dos meios de produção e abrem caminho à privatização, à formação dos blocos econômicos e à globalização da economia.

COMUNISMO

Comunismo marxista, Governos comunistas   Doutrina e sistema econômico e social baseados na propriedade coletiva dos meios de produção. Tem como ideal a primazia do interesse comum da sociedade sobre o do indivíduo isolado.   A noção de comunismo surge na Antiguidade com Platão. Em A República, defende a propriedade comum dos bens para anular o conflito entre o interesse privado e o do Estado. Mas é no pensamento cristão que aparecem os primeiros ideais comunistas para toda a população. Esses ideais acompanham a civilização cristã na Idade Média e no Renascimento. Nos séculos XVI e XVII despontam as grandes utopias sobre o comunismo. Na obra Utopia (1515), do pensador e estadista inglês Thomas More, não há menção à propriedade comum; no entanto, a estrutura social proposta é um comunismo embrionário.   Comunismo marxista – O Manifesto do Partido Comunista (1848), dos pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels (1820-1895), afirma que o comunismo seria a etapa final da organização político-econômica humana. A sociedade viveria em um coletivismo, sem divisão de classes nem a presença de um Estado coercitivo. Para chegar ao comunismo, os marxistas prevêem um estágio intermediário de organização, o socialismo, que instaura uma ditadura do proletariado para garantir a transição.   Governos comunistas – Em 1917, durante a Revolução Russa, os bolcheviques, liderados por Lênin, introduzem a supressão da propriedade privada, a planificação econômica e a nacionalização de bancos e fábricas. Com a morte de Lênin, assume o político Josef Stálin, que extingue a oposição e fortalece o Estado, transformando-o em regime totalitário. Em 1921, a Mongólia transforma-se no segundo país comunista do mundo. Após a II Guerra Mundial, os países do Leste Europeu tornam-se comunistas depois de ser liberados do nazismo pelo Exército soviético. Em 1949, os comunistas liderados por Mao Tsé-tung tomam o poder na China. O sistema espalha-se por vários países do Sudeste Asiático (Coréia do Norte, em 1948; Vietnã do Norte, em 1954; Laos e Camboja, em 1975; e Vietnã do Sul, em 1976), da África (Congo, em 1970; Benin, em 1972; Guiné-Bissau, em 1974; Angola e Moçambique, em 1975; e Etiópia, em 1976) e Cuba, em 1959.   Na década de 70, já há indícios da crise do sistema político soviético, impulsionada principalmente pelo crescimento dos movimentos nacionalistas e pela dificuldade econômica. Em 1985, o presidente soviético Mikhail Gorbatchov dá início a um programa de reforma política, econômica e social (perestroika). A queda do Muro de Berlim marca o começo da extinção do regime comunista no Leste Europeu e provoca um conflito generalizado nos partidos comunistas, que, em sua maioria, abdicam de nome, programa e ideologia. Em 1991, a URSS desintegra-se e as ex-repúblicas soviéticas formam a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Sobrevivem, contudo, os governos comunistas da Coréia do Norte, do Vietnã, de Cuba e da China. Com exceção do primeiro, que ainda é um regime bastante fechado, os demais países já adotam algumas medidas econômicas de mercado aberto.

 

FASCISMO

Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entreguerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre 1919 e 1943. Suas principais características são o nacionalismo, que tem a nação como forma suprema de desenvolvimento, e o corporativismo, em que os sindicatos patronais e trabalhistas são os mediadores das relações trabalhistas. O fascismo nasce oficialmente em 1919, em Milão, quando Mussolini funda o movimento intitulado Fascio de Combatimento, cujos integrantes, os camisas pretas (camicie nere), se opõem à classe liberal. Em 1922, as milícias fascistas desfilam na Marcha sobre Roma. Pretendem tomar o poder militarmente e ocupam prédios públicos e estações ferroviárias, exigindo a formação de um novo gabinete. Mussolini é convocado para chefiar o governo do país, que atravessa profunda crise econômica, agravada por greves e manifestações de trabalhadores. Por meio de fraudes, os fascistas conseguem maioria parlamentar. Em seguida, Mussolini dissolve os partidos de oposição, persegue parlamentares oposicionistas e passa a governar por decretos. As características do regime são cerceamento da liberdade civil e política, unipartidarismo, derrota dos movimentos de esquerda e limitação ao direito dos empresários de administrar sua força de trabalho. A política adotada, entretanto, é eficiente na modernização da economia industrial e na diminuição do desemprego.

 

  Neonazismo

  Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933. Baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler, que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). De caráter nacionalista, defende o racismo, a superioridade da raça ariana e a luta pelo expansionismo alemão e nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista. A essência da ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf).   Ao final da I Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar altas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego em massa. As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo no país. O NSDAP, utilizando-se de espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e cinema), consegue mobilizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Recebe ajuda da grande burguesia, que teme o movimento operário. Favorecidos por uma divisão dos partidos de esquerda, os nazistas são vitoriosos nas eleições de 1932. Em 1933, Hitler é nomeado primeiro-ministro, com o auxílio de nacionalistas, católicos e setores independentes. Um ano depois se torna chefe de governo (chanceler) e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de führer, o guia do povo alemão, criando o III Reich (III Império).   Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição; e estabelece a censura à imprensa. Apoiando-se em organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política), realiza perseguições aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos. O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e impedem a retirada do capital estrangeiro do país. Há um acelerado desenvolvimento industrial, que estimula a indústria bélica e a edificação de obras públicas. Esse crescimento se deve em boa parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler. Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório, em 1935, remilitariza o país e envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Nesse mesmo ano promove o extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexa a Áustria e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à II Guerra Mundial.   Terminado o conflito, instala-se na cidade alemã de Nürenberg um tribunal internacional para julgar os crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Realizam-se 13 julgamentos entre 1945 e 1947, 25 alemães são condenados à morte, 20 à prisão perpétua, 97 a penas curtas de prisão e 35 são absolvidos. Dos 21 principais líderes nazistas capturados, dez são executados por enforcamento em 16 de outubro de 1946.   Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais. Manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos.  

Socialismo utópico, Socialismo científico, Socialismo no poder 

  Corrente de pensamento que se desenvolve a partir do século XIX em oposição ao liberalismo e ao capitalismo. Propõe uma organização social na qual são abolidas a propriedade privada dos meios de produção e a sociedade de classes. Há diferentes formas de socialismo. Algumas doutrinas pregam o controle rigoroso e autoritário do Estado na economia e na sociedade, enquanto outras permitem maior descentralização.   Socialismo utópico – O pensamento socialista é primeiramente formulado por Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858), que instituem o chamado socialismo utópico. A denominação vem do fato de seus teóricos exporem os princípios de uma sociedade ideal sem indicar os meios para alcançá-la. Defendem a socialização dos meios de produção, a supressão da herança, a proteção do indivíduo, a abolição da moeda, a produção sem fins lucrativos e o ensino para todos.   Socialismo científico – Karl Marx e Friedrich Engels criam a teoria do socialismo científico. É chamado assim por não se apresentar mais como um ideal, mas como uma necessidade histórica que deriva da crise do capitalismo. Está fundamentado numa análise científica da sociedade capitalista, baseada na concepção materialista da história (o modo de produção determina as relações sociais). Essas idéias estão presentes nas obras Contribuição à Crítica da Economia Política (1859) e O Capital (1867), entre outras. Marx e Engels criticam os partidários do socialismo utópico e defendem a organização da classe trabalhadora como força revolucionária. Em 1848, Marx e Engels lançam O Manifesto do Partido Comunista, que analisa a história como o resultado da luta entre as classes sociais. No capitalismo a oposição se dá entre burgueses – proprietários dos meios de produção – e proletários, que vendem sua força de trabalho. O Manifesto afirma que a classe operária é internacional e instiga o proletariado de todo o mundo a se unir para tomar o poder. Traduzido para várias línguas, tem forte influência nos movimentos operários e revolucionários.   Socialismo no poder – Em 1864 é realizada a Primeira Internacional dos Trabalhadores, associação de trabalhadores socialistas. Eles começam a lutar pelo poder por meio de partidos socialistas e sindicatos operários. Sete anos depois, a Comuna de Paris estabelece uma ditadura proletária na França, mas a experiência dura somente dois meses. Em 1917, a Revolução Russa inicia o processo de construção do socialismo em larga escala. O regime, no entanto, assume caráter centralizador e totalitário, que se espalha por diversos países. Com o fim da URSS, em 1991, o sistema extingue-se nas ex-repúblicas soviéticas e nos países do Leste Europeu. Atualmente, os governos comunistas do Vietnã, de Cuba e da China adotam alguns princípios capitalistas de economia de mercado.  

SIONISMO

Movimento político e religioso surgido na Europa no século XIX com o objetivo de criar um Estado independente para os judeus. Suas bases são lançadas em 1896 pelo escritor judeu-húngaro Theodor Herzl (1860-1904) no livro O Estado Judeu (Der Judenstaat).No I Congresso Mundial Sionista, realizado na Basiléia, na Suíça, em 1897, é aprovado um programa para a formação do novo Estado. Em 1917, o chanceler inglês lord Balfour admite a formação na Palestina, então protetorado inglês, de uma Assembléia Judaica. Judeus de diversas partes do mundo, principalmente da Europa Oriental, onde é forte o anti-semitismo, instalam-se na região, na qual compram terras e formam colônias. Durante a II Guerra Mundial, o extermínio de milhões de judeus em campos de concentração impulsiona a reconstituição de um Estado próprio, após quase 2 mil anos de seu desaparecimento. Em 1947, a ONU decide a divisão da Palestina entre árabes e judeus. Em maio de 1948, o Estado de Israel é instituído oficialmente, apesar da hostilidade dos palestinos e dos Estados árabes vizinhos.

REVOLUÇÕES DE 1830, REVOLUÇÕES DE 1848

   Movimentos revolucionários de caráter liberal e burguês do século XIX. Iniciam-se em 1830, na França, e espalham-se pela Europa. Em 1848 ressurgem com a participação organizada do proletariado industrial. As Revoluções Liberais são um prolongamento da Revolução Francesa, pois consolidam o poder da burguesia. Têm em comum o nacionalismo, na busca de independência e identidade nacional; o liberalismo, que almeja a expansão social, econômica e política; e, a partir de 1848, o socialismo, pregando a igualdade por meio de reformas radicais.   REVOLUÇÕES DE 1830 – Com a queda do Império Napoleônico, em 1815, a Monarquia francesa é restaurada sob a dinastia Bourbon. Em 1830, após o rei Carlos X suspender a liberdade de imprensa, dissolver a Câmara e convocar eleições, revoltas explodem pelo país. Vitoriosos, os burgueses levam ao trono um Orléans: Luís Felipe I.   A derrubada dos Bourbon estimula o surgimento de várias insurreições pela Europa. Em 1830, a Bélgica liberta-se da Holanda (Países Baixos) e a Grécia torna-se um Estado independente. Entre 1830 e 1831, movimentos nacionalistas eclodem na Polônia, abafados pelos russos. Em 1832 iniciam-se agitações em diversas partes da Alemanha e da Itália.   REVOLUÇÕES DE 1848 – A crise econômica e a falta de liberdade civil acentuam a oposição à Monarquia na França. Em fevereiro de 1848, uma insurreição proclama a II República e instala um governo provisório de maioria burguesa. Apesar da conquista de liberdade democrática, a condição de vida do proletariado pouco muda, levando-o a uma nova revolução em junho, reprimida pelas tropas oficiais. Em novembro fica pronta a Constituição republicana e, em dezembro, ocorre a primeira eleição presidencial direta no país, vencida por Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte. Em 1851, ele dá um golpe de Estado e proclama-se Napoleão III, instaurando o II Império.   A onda revolucionária na Itália surge com o nome de Risorgimento. Luta contra o domínio austríaco e reivindica reformas liberais e a unificação do reino. Em 1848, a revolta instala-se no reino das duas Sicílias, alcançando Lombardia, Veneza, Piemonte e Estados Pontifícios. O movimento Jovem Itália, liderado por Giuseppe Mazzini, proclama a República em Veneza. Giuseppe Garibaldi, à frente dos Camisas Vermelhas, faz o mesmo em Roma. A revolução fracassa com a reação de tropas austríacas.   Na Alemanha, os ideais revolucionários incitam a burguesia e os trabalhadores contra o poder constituído. Em março de 1849 é aprovada a Constituição alemã, que determina que o imperador compartilhe o governo com o Parlamento. Mas os conservadores reagem, e a Assembléia Constituinte é dissolvida. O Exército reprime novas insurreições, e a nação volta à hegemonia austro-prussiana.   A Hungria, aproveitando-se da onda revolucionária, proclama sua independência do Império Austríaco em 1848. Estabelece um governo democrático, logo reprimido por tropas austríacas.

 

REVOLUÇÃO FRNCESA

Antecedentes, Tomada da Bastilha, Girondinos e jacobinos, Monarquia constitucional, República jacobina, Burguesia no poder   Revolução social e política que acontece na França de 1789 a 1799. Sob o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia revolta-se contra a monarquia absolutista e, com o apoio popular, toma o poder, instaurando a I República – chamada Mariana. Os revolucionários acabam com os privilégios da nobreza e do clero e livram-se das instituições feudais do Antigo Regime.   Antecedentes – No final do século XVIII, cerca de 98% da população pertence ao Terceiro Estado, que reúne grandes e pequenos burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses. Ele arca com os pesados impostos que sustentam o rei, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado). A população também sofre com os abusos do absolutismo de Luís XVI (1754-1793). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as disputas políticas para o clero e a nobreza, que se aliam nas votações – um voto para cada Estado. Estimulada pelos ideais do iluminismo, revolta-se contra a dominação da minoria. A partir de 1786, o país enfrenta uma série de dificuldades econômicas, como a crise da indústria e uma seca que reduz a produção de alimentos. Em 1788, o rei convoca a Assembléia dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembléia dos Notáveis, se recusam a aceitar medidas contra seus privilégios.   Tomada da Bastilha – Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789, no Palácio de Versalhes. Em junho, a disposição de liquidar o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a autoproclamar-se Assembléia Nacional Constituinte. A população envolve-se, e as revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço do pão, resultam na Tomada da Bastilha, em 14 de julho, marco inicial da Revolução. Grande parte da nobreza sai do país. Em agosto de 1789, a Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em setembro de 1791 é finalizada a Constituição, que conserva a Monarquia, mas institui a divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e confisca os bens da Igreja.   Girondinos e jacobinos – A unidade inicial do Terceiro Estado contra o Antigo Regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservadores e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, à esquerda, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a participação popular no governo. Republicanos radicais são liderados por Robespierre (1758-1794) e apoiados pelos cordeliers, líderes das massas populares de Paris. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e girondinos, recebem o apelido de grupo do pântano.   Monarquia constitucional – Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio secreto de Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, liderados por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as guardas nacionais. Radicaliza-se a oposição aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções em massa.   República jacobina – Forma-se nova Assembléia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint-Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre são criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes girondinos e até jacobinos, como Danton e Desmoulins (1760-1794), acusados de conspiração. Poucos meses após a morte de Danton, em julho de 1794 – dia 9 do novo mês Termidor –, Robespierre e Saint-Just também são presos e guilhotinados. Com a execução de Robespierre chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia.   Burguesia no poder – Os clubes jacobinos são fechados e nova Constituição é redigida (1795), instituindo outro governo, o Diretório (1795-1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país sofre ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte. Mesmo com a queda do Império Napoleônico, em 1815, e a ameaça de restauração monárquica pelas potências européias vencedoras, a burguesia retoma o controle do governo francês em 1830. O Estado burguês, construído por Napoleão Bonaparte, permanece. Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é o auge de um amplo movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, liberal e burguesa. Atinge outros países, como a Inglaterra e os EUA, e chega à França com maior violência e ideais mais bem delineados. Os movimentos pela independência da América Espanhola também são reflexo

ILUMINISMO

Corrente de pensamento dominante no século XVIII, que defende o predomínio da razão sobre a fé e estabelece o progresso como destino da humanidade. Seus principais idealizadores são John Locke (1632-1704), Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778) e Rousseau (1712-1778). Representa a visão de mundo da burguesia intelectual da época e tem suas primeiras manifestações na Inglaterra e na Holanda. Alcança especial repercussão na França, onde se opõe às injustiças sociais, à intolerância religiosa e aos privilégios do absolutismo em decadência. Influencia a Revolução Francesa, fornecendo-lhe, inclusive, o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade.   O iluminismo tem origem no Renascimento, o primeiro grande momento de construção de uma cultura burguesa, na qual a razão e a ciência são as bases para o entendimento do mundo. Para o iluminismo, Deus está na natureza e no homem, que pode descobri-lo por meio da razão, dispensando a Igreja. Afirma que as leis naturais regulam as relações sociais e considera os homens naturalmente bons e iguais entre si – quem os corrompe é a sociedade. Cabe, portanto, transformá-la e garantir a todos liberdade de expressão e culto, igualdade perante a lei e defesa contra o arbítrio. Quanto à forma de governo para a realização da sociedade justa, uns defendem a monarquia constitucional; outros, a república. Em Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689), o inglês John Locke trata a experiência como fonte do conhecimento, que é organizado depois pela razão. Locke defende também o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico. O escritor francês Montesquieu propõe na obra Do Espírito das Leis (1751) a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário como garantia da liberdade. Voltaire critica a Igreja e defende a monarquia comandada por um soberano esclarecido. O suíço Jean-Jacques Rousseau torna-se o iluminista mais radical, precursor do socialismo e do romantismo. No livro O Contrato Social (1762) posiciona-se a favor do Estado democrático, voltado para o bem comum e a vontade geral, que inspira os ideais da Revolução Francesa. É dele a noção do bom selvagem, que representa o homem nascido bom e sem vícios, mas depois pervertido pelo meio social.   Outra obra tipicamente iluminista é Enciclopédia, elaborada pelos franceses Denis Diderot (1713-1784) e D'Alembert (1717-1783), com o objetivo de organizar o conhecimento existente na época sobre artes, ciência, filosofia e religião. Na economia, o iluminismo é representado pela fisiocracia, que considera a terra única fonte de riqueza de uma nação, e pelo liberalismo econômico, que defende a não intervenção do Estado na economia. As idéias iluministas influenciam alguns governantes, que procuram agir segundo a razão e o interesse do povo, sem contudo abrir mão do poder absoluto – o que dá origem ao despotismo esclarecido no século XVIII.

 

IMPERIALISMO

Política de expansão de poder ou dominação de um Estado ou sistema político sobre outros. Realiza-se pela conquista ou anexação de territórios, pelo estabelecimento de protetorados e pelo controle de mercados ou monopólios. Envolve sempre o uso da força e tem como conseqüência a exploração econômica, em prejuízo dos Estados ou povos subjugados. Apesar de haver características imperialistas nas civilizações orientais antigas, na Grécia antiga, no Império Romano e na expansão marítima dos séculos XV e XVI, o termo imperialismo surge para designar a expansão das potências industriais européias a partir de 1870, especialmente depois de concluídas a unificação da Alemanha e a da Itália. Mais tarde, em 1898, tem início a política imperialista norte-americana em direção ao Pacífico e à América Latina. Essa fase termina com o começo da I Guerra Mundial e a repartição, ocupação ou subordinação política e econômica da África e de grande parte da Ásia por alguns países europeus, pelo Japão e, em menor medida, pelos Estados Unidos. Entre 1914 e 1945, o imperialismo se caracteriza pela rápida expansão dos Estados totalitários, como a Alemanha nazista, a Itália fascista, o Japão e a União Soviética, que tentam estender suas hegemonias à Europa, à Ásia e à África. Após a II Guerra Mundial e o fim dos processos de descolonização da África e da Ásia, o imperialismo assume a forma de hegemonia política e econômica das duas superpotências, URSS e EUA, durante a Guerra Fria.

INQUISIÇÃO

Tribunal da Igreja Católica instituído no século XIII para perseguir, julgar e punir os acusados de heresia – doutrinas ou práticas contrárias às definidas pela Igreja. A Santa Inquisição é fundada pelo papa Gregório IX (1170?-1241) em sua bula (carta pontifícia) Excommunicamus, publicada em 1231.   No século IV, quando o cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano, os heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do Estado. Na Europa, entre os séculos XI e XV, o desenvolvimento cultural e as reflexões filosóficas e teológicas da época produzem conhecimentos que contradizem a concepção de mundo defendida até então pelo poder eclesiástico. Paralelamente surgem movimentos cristãos, como os cátaros, em Albi, e os valdenses, em Lyon, ambos na França, que pregam a volta do cristianismo às origens, defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em resposta a essas heresias, milhares de albigenses são liquidados entre 1208 e 1229. Dois anos depois é criada a Inquisição.   A responsabilidade pelo cumprimento da doutrina religiosa passa dos bispos aos inquisidores – em geral franciscanos e dominicanos –, sob o controle do papa. As punições variam desde a obrigação de fazer uma retratação pública ou uma peregrinação a um santuário até o confisco de bens e a prisão em cadeia. A pena mais severa é a prisão perpétua, convertida pelas autoridades civis em execução na fogueira ou forca em praça pública. Em geral, duas testemunhas constituem prova suficiente de culpa. Em 1252, o papa Inocêncio IV aprova o uso da tortura como método para obter confissão de suspeitos. A condenação para os culpados é lida numa cerimônia pública no fim do processo, no chamado auto-de-fé. O poder arbitrário da Inquisição volta-se também contra suspeitos de bruxaria e todo e qualquer grupo hostil aos interesses do papado. Nos séculos XIV e XV, os tribunais da Inquisição diminuem suas atividades e são recriados sob forma de uma Congregação da Inquisição, mais conhecida como Santo Ofício. Passam a combater os movimentos da Reforma Protestante e as heresias filosóficas e científicas saídas do Renascimento. Vítimas notórias da Inquisição nesse período são a heroína francesa Joana D''Arcjump: BAHFE (1412-1431), executada por se declarar mensageira de Deus e usar roupas masculinas, e o italiano Giordano Bruno (1548-1600), considerado pai da filosofia moderna, condenado por concepções intelectuais contrárias às aceitas pela Igreja. Processado pela Inquisição, o astrônomo italiano Galileu Galilei prefere negar publicamente a Teoria Heliocêntrica desenvolvida por Nicolau Copérnico e trocar a pena de morte pela de prisão perpétua. Após nova investigação iniciada em 1979, o papa João Paulo II reconhece, em 1992, o erro da Igreja no caso de Galileu.  

TOTALITARISMO

Regime político não democrático no qual o poder absoluto do Estado se concentra numa só pessoa ou partido. O ditador italiano Benito Mussolini cria o termo totalitário no início de 1920, para descrever o novo Estado fascista da Itália em oposição ao liberalismo do século XIX. Nada contra o Estado, nada sem o Estado, nada fora do Estado: assim Mussolini refere-se ao regime. Ele considera o Estado como suprema e absoluta razão de ser das pessoas e da sociedade.   Com a implantação do totalitarismo, o Estado monopoliza os meios de comunicação (rádio, televisão, imprensa e editoras) e dá origem à propaganda política para exprimir a verdade oficial e torná-la unânime. O grupo ou pessoa que discorda dessa verdade é um inimigo objetivo e tende a ser isolado, punido ou até eliminado. A escolha do inimigo é sempre arbitrária. A censura e o regime de partido único são indispensáveis para que não haja verdades diferentes da proclamada oficialmente. As pessoas são obrigadas a participar de manifestações políticas, sem o direito de divergir de certos princípios básicos.   Além do fascismo italiano, também se caracterizam como regimes totalitários o nazismo e o stalinismo. Alguns historiadores consideram totalitários o franquismo, implantado na Espanha pelo general Francisco Franco, e o salazarismo, por António de Oliveira Salazar em Portugal.